13/04/2014 - DESEMPREGO É ÍCONE
A questão econômica do emprego é
tão importante, ou melhor, é a mais importante para a economia. Trata-se de
grande preocupação dos teóricos. Por
exemplo, o livro clássico de John Maynard Keynes se denomina de “Teoria Geral”,
tendo como subtítulo “dos Juros, do Emprego e da Moeda”. A lógica geral de
quando uma economia está bem, o emprego é o mais amplo possível. Logo, as taxas
de desemprego são baixas. O que é baixo? A teoria estatística se refere a um
erro de no máximo 5%. Depreende-se daí,
que um desemprego desejável seria até este número ou por volta dele. Os países
mais organizados assim se apresentam. Depois da maior crise do capitalismo, a
de 1929, em 2008, surgiu a segunda maior desse sistema, a qual hoje está quase
debelada. Isto é, em processo de recuperação. Dessa forma, os países avançados
experimentaram taxas até superiores a 10% de desemprego, tal como na economia
dos Estados Unidos. Hoje, está taxa lá, está em torno de 7%, convergindo para
6% ou menos. Na Europa, países fortes, como a Alemanha, estão na mesma
tendência americana. No extremo, países europeus com grandes problemas
econômicos, tais como Turquia e Espanha, estão com taxas por volta de 20%, mas
com tendência de baixa.
No Brasil, a estabilidade econômica
se iniciou em 1994, mediante Plano Real, depois de um passado de várias décadas
de alto desemprego. A gestão econômica de FHC se defrontou com crises localizadas
na moratória do México, em 1995, dos problemas cambiais dos tigres asiáticos,
em 1996-1997, da Rússia, em 1998, as quais também abalaram a economia
brasileira, cujo desemprego ultrapassou 10%. A era de Lula encontrou a economia
mundial a todo vapor. Assim, o desemprego que estava por volta já de 11%, o
qual também refletia o receio do “efeito Lula”, de governar, mudou de
tendência, visto que Lula manteve as bases do modelo de FHC, inclusive
escolhendo para ser o homem forte da economia o presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, antigo filiado do PSDB, que permaneceu nos oito anos de
governo. A economia se recuperou e o desemprego caiu bastante. Continuou caindo
até agora, mesmo com as taxas pífias de crescimento do governo Dilma, agora já
no quarto exercício.
Por que o desemprego caiu tanto e
continuou a cair? Existem muitas explicações e formas de medir o desemprego,
além de vários institutos de pesquisa. Os governos da Nova República tem se
utilizado dos dados do Cadastro de Emprego e Desemprego do Ministério do
Trabalho (CAGED), os quais mostraram nos últimos anos a taxa de desemprego por
volta de 5%. Porém, nos últimos meses, o IBGE, que calcula a maior pesquisa
anual brasileira, denominada de Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(PNAD), referiu-se a que a PNAD permite calcular o desemprego “contínuo”
nacional, recentemente divulgado para 2012, que fora de 7,4%. Na semana
passada, o IBGE divulgou o PNAD Contínua de 2013, de 7,1%. Portanto, o
desemprego brasileiro não é tão baixo como tem sido vangloriado. Dois dias
atrás, a administração do IBGE informou que iria suspender a referida pesquisa
do mercado de trabalho, abrindo crise dentro do próprio IBGE. Somente
retornando no primeiro trimestre o ano que vem. Os argumentos declarados são de
que há falta de pessoal e de que é preciso rever as bases da pesquisa para
dados mais atuais. Claro, que isto se refletirá (tanto os dados já mostrados,
bem como aqueles que não poderão ser divulgados, visto que o PNAD continua).
Isto lembra até os anos da ditadura militar, quando se faziam expurgos nos
cálculos da inflação. Dezoito coordenadores e gerentes da área ameaçam deixar
os cargos, no caso da decisão não ser revista sobre a PNAD Contínua. Aguardam-se
próximos episódios.
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