09/04/2014 - INDÚSTRIA EM PERSPECTIVA NEGATIVA




O século XX se caracterizou no Brasil como aquele no qual o País buscou recuperar o grande atraso no seu processo de industrialização. Na etapa colonial a indústria brasileira foi proibida, pelo tratado de Methuen, de 1703, entre Portugal e Inglaterra.  Portanto, aqui era o reinado das importações de indústrias europeias. Através do domínio quase que total da oligarquia, durante o período de Independência (1822) até a República (1889), os interesses ruralistas sufocavam a luta dos poucos industrialistas que aqui existiam. O golpe militar de 1930 veio proteger a incipiente indústria nacional, a qual contou com inúmeras dificuldades, visto que o progresso mundial já estava bem além do local. O governo Vargas adotou a política de industrializar via substituição de importações, protegendo a nascente indústria brasileira, mediante fortes subsídios, barreiras alfandegárias, importação de máquinas, equipamentos e combustíveis. O governo de JK, período de 1956-1960, lançou o Plano de Metas, o mais completo até hoje, compreendendo cinco setores, sendo trinta metas embutidas neles, além da meta-síntese, a construção de Brasília, quando a indústria adquiriu grande impulso saindo de 16% do PIB, em 1956, para 28% do PIB em 1985. Porém, referida maioria industrial não era competitiva internacionalmente. A abertura à competitividade de 1990, do governo Collor demonstrou isto, tendo sobrevivido somente as mais eficientes, tendo desaparecido segmentos inteiros, mediante colocação à competição internacional. De 1990 para cá a indústria perdeu posição na composição do PIB. O Plano Real, de 1994, estabilizou a economia brasileira. Mas, os governos de FHC, de Lula e de Dilma não fizeram uma política industrial eficiente, principalmente no que concerne a uma reforma tributária, visto que a carga de impostos somente tem crescido, onerando principalmente a produção, diferentemente dos países avançados, onde a carga de tributos é muito mais sobre a renda e sobre a riqueza. Dessa maneira, a participação industrial no PIB retornou aos 16% que tinha em 1956.

No século XXI, agigantou-se o agronegócio e a indústria recuou. Conforme coluna de ontem de Miriam Leitão, no jornal O Globo, intitulada “Desequilíbrio industrial”, assim se inicia: “O déficit do setor industrial brasileiro acumulado atingiu a incrível marca de US$476 bilhões desde 2007. É um buraco que se amplia a cada ano. As exportações de manufaturados estão estagnadas e houve um forte aumento das importações. Este ano há um agravante a mais: a crise da Argentina produziu uma queda de 32% nas vendas externas de automóveis no primeiro trimestre... O custo Brasil pesa muito e tira a competitividade do produto manufaturado. A infraestrutura é deficiente, a carga tributária é crescente, a inflação de custos aumenta e os juros encarecem os financiamentos”.

Em síntese, estão acima grandes problemas da indústria brasileira, pelos quais os seus maiores capitalistas não querem investir muito, preferindo aplicar parte substancial do seu caixa no mercado financeiro, enquanto persistirem as condições desfavoráveis enumeradas acima. Por isso, aqui já se espera um aumento de somente 1,5% do PIB neste ano. O próprio FMI, que age geralmente atrasado, mudou ontem de 2,3% para 1,8% a sua expectativa do PIB em 2014.

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