04/04/2014 - JUROS SELIC EM 11%
Nesta semana, o Comitê de
Política Monetária (COPOM) do Banco Central (BC) decidiu elevar, pela nona vez
consecutiva, desde abril de 2013, a taxa básica de juros da economia,
denominada por SELIC. Citada taxa é a referência da maioria dos contratos,
estabelecendo um nível mínimo de remuneração das negociações dos títulos da
dívida pública de mais de R$2 trilhões. Toda vez que a SELIC sobe, os juros
bancários também sobem em diversas proporções, bem como o inverso é verdadeiro.
A teoria econômica explica que o investidor, a quem cabe decidir se aplica no
mercado produtivo ou no mercado financeiro, em geral investe mais, quando a
taxa de juros é baixa; investe menos, quando a taxa de juros é alta. Em
consequência, acredita-se que, em tese, a elevação de juros é deflacionária,
assim como a baixa taxa de juros é inflacionária. Portanto, a atuação do BC é
de intervir na fixação da sua taxa de juros nominal em pequenas doses, para
evitar sobressaltos. Quando descontada a inflação anual, obtém-se a taxa real
de remuneração através dos juros da economia. No caso brasileiro, a taxa SELIC
foi para 11% anuais, a inflação é de aproximadamente 6% ao ano. Logo, a taxa
real de juros é de 4,5%. Agora os 11% estão bem próximos aos 12,25% de quando a
presidente Dilma resolveu veladamente interferir, dando palpites de que a SELIC
deveria diminuir. Chegou até a afirmar que a SELIC deveria ser de 2% anuais. A
sua convicção influenciou o COPOM, no início de 2013, visto que o PIB de 2011
se elevou em 2,7%, relativo aos 7,5% de 2010, assim como a expectativa para 2012
era de 1% de incremento, em relação a 2011. Em pouco tempo, em 2012, a SELIC
recuou 5%, em sucessivas reuniões, ficando em 7,25%, por quase um semestre. No
entanto, a economia não se recuperou como esperado. Em redução da citada baixa
repentina de juros, a inflação recrudesceu, fazendo que o BC retornasse ao
ciclo atual de alta da SELIC. Assim, o tiro de canhão (reduzir 5% rapidamente
na SELIC) retornou ao seu detonador.
No tripé da estabilidade, advindo
desde 1994, fincado no sistema de metas de inflação, câmbio flutuante e
superávit primário, a atual política econômica tem dificuldades em trazer a
inflação para o centro da meta, o que tem sido muito preocupante. O câmbio
continua flutuante, sem maiores preocupações. O superávit primário vem sendo
maquiado, o que tem desagradado até aos investidores internacionais. No campo
do modelo econômico, que é o mesmo adotado por Lula, baseado na capacidade
ociosa, no crédito e principalmente no consumo, esgotou-se, sendo necessário
redefinir novo modelo, baseado principalmente no incremento do investimento.
Como o governo realiza muito mais gastos correntes, não querendo reduzi-los,
pelo contrário os elevando, sobra pouco espaço para investimentos
infraestruturais, devendo haver estímulos gerais aos empresários, advindos da
esperada reforma tributária, saindo esta do foco da produção para a renda, conforme
acontece nos países desenvolvidos. Contudo, o estilo administrativo da
presidente Dilma tem também desagradado aos grandes capitalistas, argumentando
eles que ela quer tutelá-los, ao criar novas agências e estatais, assim como
não tem realizado as reformas econômicas prometidas em campanha. Claro, existem
grandes capitalistas que adoram Dilma, tal como as grandes empreiteiras, bem
como aqueles poucos industriais, que obtém crédito bastante subsidiado do BNDES
e CEF (juros a 3,5% anuais, quando a captação agora está em 11%). Mas, o PIB
continua crescendo muito pouco.
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