20/04/2014 - PRODUTIVIDADE EM BAIXA
A revista The Economist desta
semana afirma que o brasileiro tem estado, por décadas, com produtividade em
baixa. O título do artigo é “Soneca de 50 anos”. Após duas décadas anteriores de
aumento de produtividade (1960-1970), a produção por trabalhador estacionou ou
até mesmo caiu ao longo de cinco décadas. O estudo revela que a paralisia da
produtividade brasileira ocorreu com o contraste do cenário internacional,
quando outros emergentes como Coréia do Sul, Chile e China mostraram firme
tendência de melhora do indicador. Assim, a produtividade do trabalho foi
responsável por 40% do crescimento do PIB brasileiro entre 1990 a 2012, em
comparação com 91% da China e 67% da Índia, baseados em pesquisa da consultoria
Mc Kinsey.
A ironia é grande quando a citada
revista se refere: “A partir do momento em que você pisa no Brasil você começa
a perder tempo. Os brasileiros são gloriosamente improdutivos. Eles precisam
sair do seu estado de estupor para acelerar a economia”. As razões estão no
baixo investimento em infraestrutura, baixa qualidade da educação, má gestão
das próprias empresas brasileiras e na proteção do governo aos segmentos pouco
produtivos.
Corroborando a citada baixa
produtividade, a Folha de São Paulo divulgou que a parcela do faturamento de
empresas brasileiras inovadoras, destinada a investimentos para o
desenvolvimento de produtos e processos novos, recuou de 3,8% em 2000 para 2,4%
em 2011, estribada em cálculos dos pesquisadores do Centro de Políticas Públicas
do INSPER, baseados em dados do IBGE. Quer dizer, ao invés das empresas
nacionais se encontrarem estimuladas, elas estão desestimuladas para fazer
inovações no País. Ademais, revelaram que a fatia das empresas consideradas
inovadoras, que investiram em pesquisa, desenvolvimento, aquisição de
softwares, de máquinas e equipamentos, foi reduzida a menos da metade entre
2000 a 2011, recuando de 33% para 14% das empresas pesquisadas. Em conclusão,
os incentivos ou os subsídios do governo nos últimos anos são mais frequentes
para as grandes empresas. As empresas de menor porte têm seus acessos de certa
forma bloqueados ou dificultados. Além do mais, os pesquisadores refletiram que
é baixa a interação entre o mundo acadêmico e o setor privado. Quer dizer, muitas
universidades produzem, mas as empresas de certa forma não usam muito o citado
conhecimento, principalmente quando ele é muito mais acadêmico do que prático.
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