31/03/2014 - MEIO SÉCULO DEPOIS




Em 1964, ocorreu o segundo golpe militar do século XX, há meio século. O primeiro golpe militar ocorreu em 1930. A contabilidade oficial dá conta de 362 mortos e desaparecidos. O teatro do primeiro trimestre de 1964 era de uma bagunça. O presidente João Goulart, no dia 15 de março de 1964, envia mensagem ao Congresso, ressaltando a necessidade de aprovação de mudanças que permitissem as reformas de base, o direito de voto do analfabeto e a convocação de plebiscito para alterar a Constituição, permitindo a sua reeleição. Grupos de esquerda, em documento intitulado Programa da Frente Popular pedem a nacionalização do sistema financeiro, das reservas naturais, a aplicação da lei de remessa de lucros ao exterior e a legalização dos partidos comunistas. Falava-se abertamente em um golpe político, para o presidente aliar-se com o bloco comunista. Do outro lado, o ambiente não poderia ser mais propício para a movimentação dos militares golpistas. Nos Estados Unidos era executada a operação Brother Sam, de invasão do Brasil, se necessário. Na costa brasileira se baseavam um porta aviões, seis destróires, um encouraçado, um navio de transporte de tropas, quatro petroleiros com capacidade para 130 mil barris, uma esquadrilha de aviões de caça, 25 aviões de transporte C-135, 50 helicópteros de ataque, 100 toneladas de armas leves e munições. Ao amanhecer do dia 1º de abril, o governo de Jango estava sitiado. Às duas da madrugada do dia seguinte, quando o presidente da República já se encontrava em Porto Alegre, o presidente do Congresso, Auro de Moura Andrade, declarou a vacância do cargo de presidente. Os militares assumiram o poder, prometendo devolvê-lo depois de um ano. Mas, ficaram 21 anos.

O golpe militar se deu em um País com inflação anual de 92%. Às vésperas de ser implantada a ditadura, o poder de compra do brasileiro equivalia a 17% do americano. Os militares implantaram o capitalismo no Brasil, mediante as reformas política, de partido único, administrativa, bancária, do crédito e criaram as bases para a economia crescer bem. Para tanto contaram com dinheiro externo, farto e barato. Havia excesso de dólares, da segunda guerra mundial, da reconstrução econômica da Europa e do Japão, da guerra da Coréia, da guerra do Vietnã. Os militares sanearam as contas, realizaram grandes obras de infraestrutura e promoveram o “milagre econômico”. Qual seja o Brasil crescer na década de 1970 a taxas acima até de 10% ao ano. Por exemplo, em 1973, cresceu a 14%. Todavia, veio o primeiro choque do petróleo, em 1974. Os militares resistiram. Porém, em 1979, veio o segundo choque do petróleo. Os Estados Unidos elevaram os juros para a casa acima de 20% ao ano. A ditadura saiu do “milagre” e ingressou no pesadelo. A dívida externa ficou impagável. O Brasil recorreu ao Fundo Monetário Internacional. Em 1981, o PIB recuou 4,3%.  A década de 1980 foi toda de crescimento rasteiro. Os militares devolveram o poder, por eleições indiretas em 1984. Quando os civis reassumiram o comando da Nação, a inflação estava na casa de 200% ao ano. Em 1989, foram realizadas eleições diretas. Collor assume e provoca o maior desastre do País recuar em 1990 também em 4,3%. Trinta anos depois, agora em 2014, o Brasil não foi ainda capaz de crescer de forma sustentável. Entretanto, de 1994 para cá, o País passou as ter fundamentos sólidos, mediante inflação controlada na casa de um dígito anual.

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