20/03/2014 - ELE SABIA DO DINHEIRO


Assim que detonou o escândalo de que o PT, em 2005, após denúncia do deputado Roberto Jefferson, para o qual o ex-presidente Lula declarou que assinaria um cheque em branco, mas o PT, que vinha lhe dando dinheiro para o seu partido PTB, começou a falhar, isto desde 2003, quando o PT passou a fazer uma base aliada para votação de seus projetos no Congresso, comprando os congressistas com dinheiro vivo, chamado de “mensalão”, o ex-presidente Lula declarou que nada sabia. Depois, em 2006, reformou sua declaração que, ao ficar sabendo pelos jornais de todo o esquema, tinha sido traído por quem executou o projeto de permanecer no poder por, pelo menos, 20 anos. Resultado: 40 pessoas foram julgadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no maior julgamento daquele egrégio da história, tomado o nome de Ação Penal 470, somente chegando ao fim agora, neste início de ano, sendo 25 pessoas condenadas. Foram aproximadamente oito anos para julgar aqueles que tinham foro privilegiado, autoridades de uma maneira em geral.

Na economia brasileira, no que tange aos investimentos públicos, a problemática de todos os governos depois de 1994 tem um ponto em comum: recompor a infraestrutura, principal responsável pela deficiência conjuntural da competitividade brasileira. Os governantes, portanto, tiveram que eleger qual seria a ponta de lança do principal item da infraestrutura. Coube à maior empresa da América Latina, a maior investidora nacional, ou seja, alcançar a autossuficiência na produção petrolífera. A Petrobras passou a ter mais verba do qualquer ministério brasileiro. FHC permitiu leilões de campos de produção de petróleo, o que elevou sobremaneira os resultados, mantendo o monopólio das refinarias. Os dois governos de Lula chegou até a anunciar a autossuficiência (o que não chegou a acontecer), mediante a descoberta e exploração do petróleo na camada do pré-sal. O governo de Dilma procurou seguir a política de investimentos dos governos anteriores. No entanto, vem colecionando reveses econômicos, no particular, o Brasil reduziu a produção petrolífera, bem como a crescente conta do petróleo importado alcançou US$20 bilhões no ano passado. Em todos os tempos dos mais 60 anos de existência da Petrobras, diferentes tipos de oposição levantaram hipóteses de corrupção naquela estatal. Já houve Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que praticamente pouco apurou ou puniu.

Um fato fortíssimo, também ocorrido no ano em que o “mensalão” foi denunciado, 2006, (lembre-se que o referido esquema existiu pelo menos desde o ano de 2003), a Petrobras comprou a refinaria de petróleo em Passadena, no Texas, EUA, uma refinaria velha, na mão da empresa estatal da Bélgica, a qual a tinha adquirido por R$49 milhões, mas a estatal brasileira comprou apenas 50% dela, em parceria com a belga, em 2006, a um custo inicial de US$360 milhões, uma montanha de dinheiro. Instituições jurídicas dos Estados Unidos obrigaram à Petrobras a comprar a outra metade, alocando mais dinheiro, totalizando US$1,18 bilhão, visando a sua duvidosa ativação.

A aquisição foi realizada a mando do ex-presidente Lula, assinada por ele, em momento de euforia, no qual, em 2006, o PIB crescia acima de 5% ao ano e, com as mãos borradas de petróleo do pré-sal, ele anunciou, juntamente com a presidente Dilma, ministra das Minas e Energia, demais autoridades, muitas daquelas que ainda estão na empresa, que o Brasil chegaria à autossuficiência naquele ano. Não chegou até hoje, pelo contrário passou cada vez mais a ser importador. Ontem, em visita à cidade de Sobral, no Ceará, a presidente Dilma evitou à imprensa, não querendo responder aos questionamentos sobre a controvertida operação de compra, agora esquentada pela provável abertura de CPI da Petrobras, envolvendo outros contratos, tal como o daquele de 2007, de obras superfaturadas pela Odebrecht. Como presidente do Conselho de Administração, a presidente Dilma, na época, voltou a favor da transação, baseando-se em um resumo feito pelo ex-diretor internacional da Petrobras, Nestor Cerveró. “Em nota à imprensa, ainda ontem, Dilma justificou que baseou a sua decisão em um resumo escrito, que ela hoje classifica de ato “falho” e omisso”. Mas, ela admitiu que a refinaria fosse obsoleta. Por que comprou? Está aí mais um caso de suspeição de lobby, justamente quando foi adquirida por sugestão também do lobista atual, hoje bastante rico, Antônio Palocci, na época no exercício de ministro da Fazenda. Quer dizer, o ex-presidente Lula, a atual presidente da República, o presidente da Petrobras, os ministros Antônio Palocci e Jacques Vagner, demais participantes da comitiva do estrondoso anúncio do pré-sal, inclusive com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que declarou que o Brasil ingressaria no seleto grupo de exportadores de petróleo, bem como diretores e conselheiros da estatal, agora não mais podem dizer que não cometeram enganos por prejuízos tão expressivos, beirando cerca de US$1,2 bilhão. Isto, certamente, poderá constar de uma CPI da Petrobras, que tenciona abri-la no Congresso. Agora, com certeza, Lula, “não dirá que não sabia de nada”. Ou, pelo menos, se disser vai ser difícil acreditar, já que qualquer pessoa entende pouco ou muito de dinheiro. Obviamente, este assunto também pegará fogo nas próximas eleições de outubro.

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