21/03/2014 - POLÍTICAS ECONÔMICAS DA ESTABILIZAÇÃO
A estabilidade da economia foi
conseguida com o Plano Real, em 1994, depois de muitas tentativas, que tinham
em comum a heterodoxia, isto é, a intervenção do governo na atividade
econômica, criando ou privatizando estatais, mas tendo ação proativa nos dois
tipos de investimento, tanto na infraestrutura (em tese, multiplicativo) bem
como na produção (em tese, efeito acelerador). Após 1994, mesmo mantendo as
suas estatais estratégicas, mas privatizando aquelas que não tinham tais
características, fazendo parcerias público-privadas, a política econômica se
espelhou nas principais ações adotadas pelos países de economia estabilizada,
que fixaram três principais bases, desde 1991, também chamadas de tripé do
sistema econômico: 1) política monetária, mediante adoção do sistema de metas
de inflação, definido pelo Conselho Monetário Nacional e executado pelo Banco
Central; 2) política cambial de mercado livre, mas de intervenção “suja” do
Banco Central, comprando quando o dólar estiver subindo além das expectativas, vendendo
quando o dólar estiver abaixo das expectativas, isto para também controlar a
inflação e formar um colchão de reservas, visando evitar ataques especulativos,
que são desestabilizadores; 3) política fiscal, mediante elevada carga
tributária, para manter gastos públicos e pagar pelo menos os juros da dívida
pública.
Os dois governos de FHC
(2005-2012) retirou a economia da hiperinflação (muito acima de 1.000%),
trazendo-a para menos de 10%, mais próxima das economias civilizadas. A era FHC
teve no Banco Central, o seu principal executor, mantendo as metas de inflação,
ora em anos bem sucedidos ora não, assim como dólar valorizado, no período em
geral, política fiscal com dificuldades, devido às crises internacionais que
enfrentou. O PIB do seu período obteve taxa média de 2,3% de incremento do PIB.
Os dois governos de Lula (2003-2010) se defrontou com grande crescimento da
economia mundial, seguindo ele o tripé adotado por FHC, obtendo êxito. O PIB
cresceu à taxa média de 4% anuais. O atual
governo da presidente Dilma (2011-2014) preservou o mesmo modelo do tripé
referido. Mas, ela não pegou a economia mundial exuberante, nem em crises de
diversos países, tampouco, promoveu as reformas econômicas necessárias, para
gerar confiança dos empresários em investirem, vindo obtendo taxas que
fecharão, bem provavelmente, o seu governo abaixo de 2% de elevação média
anual.
Em resumo, sem repetir aqui o
desenho dos acertos e erros dos governos da estabilização, o fato é que a
política monetária tem sido a soberana entre as políticas econômicas, coisa que
não existia antes de 1994. Por seu turno, a política cambial, embora melhor
utilizada do que antes da estabilidade conquistada em 1994, ainda se coloca em
um drama de manter a valorização da moeda nacional, em relação ao dólar, o que
tem prejudicado a indústria e tem feito crescer muito mais o agronegócio, um
tomando o lugar do outro na formação do PIB. Já, a política fiscal não está
resolvida, embora também melhor desempenho do que no período anterior a 1994,
visto que o projeto de lei para formar o Conselho Fiscal está parado há 14 anos
na Câmara de Deputados. Estes seriam os vigilantes dos cofres públicos,
acompanhando a política fiscal e a dívida pública, recomendando medidas para
poupar recursos públicos e fazendo estudos que podem ser considerados como
regras para o governo. O primeiro conselho da espécie surgiu na Holanda, em
1945. De lá para cá foram criados 45 conselhos nacionais. Muitos conselhos
funcionam como agências independentes. Outros são subordinados ao Legislativo,
ao Executivo ou a qualquer outra entidade pública, a exemplo do Banco Central.
Na maioria dos países os conselheiros são nomeados pelo Parlamento. Porém,
existem casos que eles podem ser escolhidos pelo presidente ou pelo primeiro
ministro. Os resultados, segundo o Fundo Monetário Internacional é de que, onde
os conselhos existem e são atuantes, as contas públicas ganham transparência e
as projeções do governo ficam mais precisas. Por exemplo, o desempenho do
ministro Guido Mantega não seria tolerado, seja fazendo contabilidade
“criativa”, fechando a facão o superávit primário, seja nas suas projeções do
PIB. Por exemplo, suas perspectivas do início de 2013 foram de um PIB crescendo
de 3% a 4% naquele ano. No final de 12 meses o PIB cresceu 2,3%, uma
superestimação que ocasiona incredibilidade, como quase todas as que têm feito
no ministério da Fazenda, tanto interna como externamente.
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