24/03/2014 - INFLAÇÃO NÃO É FANTASMA
Um dos três formuladores do Plano
Real (1994), Edmar Bacha, tem feito comparações sobre o controle de preços do
governo Dilma à política de preços adotada pelo regime militar nos anos de
1970. Naquela época, havia o Conselho Interministerial de Preços (CIP) que
administrava preços públicos e autorizava preços privados dos grandes grupos econômicos.
O alcance era muito grande e o controle inflacionário existia. Havia até
manipulação estatística das suas referidas taxas. Além do mais a política
salarial era feita para todos os assalariados, por faixas, havendo arrocho
salarial. Muito diferente de hoje, quando o governo federal somente administra
preços das áreas de algumas estatais, em especial dos derivados de petróleo, da
energia elétrica e dos ônibus. A grande maioria dos preços hoje é livre. Para
Bacha: “Estamos vendo o inflacionismo de volta, um inflacionismo muito
perverso, do tipo do Delfim Netto, quando a inflação estava em 20%. Ele
instituiu os controles, de forma muito inteligente. Delfim tinha somente a
lista dos produtos, mais a dos locais onde os coletadores iam buscar os preços
para medir a inflação. Para estes produtos e para estes locais, você controlava
os preços com o CIP, garantindo o abastecimento no local. E agora temos uma
réplica muito torta deste mesmo processo de controle de preços de energia, de
petróleo, dos ônibus”, disse ele à Agência Globo, publicado ontem. Enfim, não é
correto comparar o que acontece com os preços hoje, em relação aos preços dos
anos de 1970. Naquela época, a ditadura militar controlava os preços que
queriam, os juros bancários e o câmbio.
A inflação do ano passado dos
preços administrados pelo governo foi de 1,5%, enquanto a inflação dos preços
livres foi de 7,5%. Mediante ponderações, o IBGE chegou à taxa de inflação de
5,91% em 2013. Não obstante o governo controle alguns preços administrados e
mantenha o câmbio valorizado, tendo em vista obter menor taxa inflacionária, as
estatísticas são reais, diferentes da época ditatorial. Logo, a inflação é um
problema sério. Porém, desde 1994, o governo federal vem utilizando, com certa
eficiência, a alteração na taxa básica de juros para manter um nível suportável
de inflação. A situação não é confortável, principalmente porque a atual gestão
econômica não conseguiu trazer a taxa inflacionária para o centro da meta, de
4,5%. Porém, jamais ultrapassou o viés de alta de 2%. Chegou, sim, no máximo de
6,5%, mas hoje está por volta de 6%. Preocupa, mas está longe de desestabilizar
um governo, tal como aconteceu em 1964, quando atingiu 92% ao ano. Ou, antes do
Plano Real, que estava indexada, atingindo níveis acima de 1.000%.
O fato concreto é de que a
economia brasileira possui uma grande burocracia, encarecedora de despesdas,
bem como um elevado custo Brasil (de infraestrutura), sendo muito difícil
trazer a inflação para a casa dos 4% ao ano.
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