15/03/2014 - ENERGIA CRIATIVA


A gestão econômica do governo Dilma vem sendo desacreditada pelo “disse não me disse”. Isto é, uma hora fala uma coisa, outra hora volta atrás, falando outra. Assim, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, depois de ter sido criticado pelo Financial Times como executor de uma contabilidade “criativa”, para cumprir parte do superávit primário, por três anos, agora, no quarto ano de governo, declarou que em 2014 não haveria nenhum artifício. O dito recuo representou o fato de que ele tinha feito uma armadilha, caindo tão mau que as agências de risco se referiram na possibilidade de rebaixar a nota brasileira. Em decorrência, dias depois, a bolsa de valores vem em declínio continuado. Ontem recuou para cerca de 44 mil pontos, a menor cotação desde 2009.

Neste ano existe uma escassez energética, pela ausência de chuvas, o que forçou o forte uso de termelétricas, muito mais caras. O megawatt-hora passou da casa dos R$200 para o teto de R$822,00 (mais de quatro vezes). O ônus calculado para 2014 é de aproximadamente R$12 bilhões. Anunciado dois dias atrás pelo referido ministro que o custo seria transferido para os consumidores. Isto refletiu muito mal. Novo anunciado, ontem, o governo federal voltou atrás, para evitar um aumento de conta de luz, em ano eleitoral, o ministro da Fazenda anunciou um pacote de ajuda às empresas de distribuição de energia elétrica de igual valor, bem como disse que a despesa somente chegará aos consumidores em 2015. Um casuísmo, para ganhar as eleições. Porém, o tiro já atingiu a sociedade como um todo, visto que o dinheiro para tal despesa sairá de aumento de impostos, conforme a citada autoridade declarou. Enfim, desagradará do mesmo jeito neste ano e, mais, no próximo ano.

Quem tentou também explicar a atitude do governo foi o presidente da Empresa de Pesquisa energética (estatal), Maurício Tolmasquim, de que entrarão em vigor em 2015, cerca de novos 5 mil megawatts-hora, a preços “incrivelmente mais baixos” do que os que vigoram atualmente. Não disse, mas deixou sugerido que se poderiam alterar os custos para os consumidores no próximo exercício. O governo não se comprometeu com isso. Não deu para melhorar a imagem. O desgaste continua crescente.

Enfim, os reservatórios continuam nos níveis mais baixos da história somente comparáveis àqueles que levaram ao racionamento de 2001, um dos fatores apontados (o racionamento), para que o PSDB não permanecesse no governo.

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