27/03/2014 - SINAL AMARELO DO MODELO




O modelo econômico brasileiro tem como teoria a equação de que oferta agregada deve atender à demanda agregada. Logo, o lado independente, o lado que comanda a equação é o lado da demanda. De outra forma, PIB + M = C + I + G + X, onde PIB = oferta interna; M = oferta externa; C = consumo das famílias; I = investimento bruto; G = gastos do governo; X = exportações. No caso brasileiro, desde que assumiu o governo o PT tem feito crescer mais o consumo das famílias, mesmo depois da segunda maior crise econômica mundial (a maior foi a de 1929), iniciada em 2008. Assim, de 2008 a 2013 o consumo agregado cresceu 4,2% ao ano enquanto o PIB a 2,6% anuais. Claro que o consumo crescendo dessa maneira reduziu a poupança global em 3% no período em tela. Desta queda, 2% se referem ao consumo governamental, sem a contrapartida visível em serviços públicos. A poupança se contraindo, reflete-se também em retração da demanda por investimento, este, principal responsável pelo crescimento do PIB, conforme mostra Alexandre Schwatsman, em sua coluna do jornal Folha de São Paulo. A poupança caindo poderia ser suplementada pela poupança externa, o que ocorreu na primeira década deste século. No entanto, as saídas de capitais dos últimos tempos tem sido maior do que as entradas, ao ponto do Banco Central, em nota de ontem, em resposta ao rebaixamento da nota brasileira pela agência Standard & Poor’s ter-se assim referido, que a resposta brasileira à deterioração das contas nacionais dos últimos anos é: “austeridade na condução da política econômica, flexibilidade cambial e utilização dos colchões de proteção acumulados ao longo do tempo”. Em outras palavras, o modelo de estímulos, principalmente ao consumo, não será mudado e serão usadas as reservas internacionais para fechar os previsíveis déficits crescentes no balanço de transações correntes. A flexibilização no câmbio existe. Porém, não há austeridade nos gastos públicos, os quais crescem mais do que os incrementos do PIB.

O sinal amarelo se encontra visível não somente nos motivos apontados pela citada agência de risco. A falta de firmeza da política econômica atual, ora vai, ora volta, sendo exemplo atual, a redução com estardalhaço a conta de luz em 2013, mas veio a elevação dos custos pelo uso de termelétricas neste início de 2014. Em princípio, disse que ia aumentar as contas de luz agora. Mas, não querendo ameaçar às eleições, elevará em abril impostos sobre bebidas, refrigerantes e cosméticos, transferindo para 2015 a elevação das contas de luz. Isto, de leva e trás, não aconteceu durante a era Lula, embora seja a mesma política econômica, em essência. Está também sendo mal vista pelos malabarismos contábeis da contabilidade nacional feitos pelo ministério da Fazenda. Associe-se a isso, a explicação de incompetência da presidente Dilma, como presidente do conselho de administração da Petrobras, em 2005, ao admitir nove anos depois, que decidiu em cima de um relatório “falho” de compra da refinaria do Texas, que causou prejuízo de mais de US$1 bilhão àquela estatal, tendo agora demitido o diretor que produziu o relatório, embora tenha reconhecido que tomou conhecimento das falhas em 2008. Acrescente-se ainda que está preso agora um diretor da Petrobras, que a Polícia Federal identificou ter recebido propinas de R$7,9 milhões, bem como a refinaria Abreu Lima, em Pernambuco, já ser um escândalo sem precedentes, que a partir deste momento será explorado acerca da má gestão da coisa pública.   

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