19/03/2014 - CRECHES DE PLÁSTICO




Muitas das promessas de campanha da presidente Dilma não estão sendo cumpridas. Uma de cunho popular irá ser centro de debates: a promessa de construção de 6 mil creches em quatro anos. De 2011 até o final de 2013, apenas 1.103 creches haviam sido construídas. Outras 4.697 estão na longa fila burocrática, mediante obras paralisadas. A solução encontrada pelo Ministério da Educação seriam as operações seriam contratadas, no âmbito do FNDE, Programa Proinfância, sendo o “método inovador”, dado que as creches seriam entregues de forma pré-moldada. Para tal seriam de plástico. Segundo o Instituto dos Arquitetos do Brasil a construção leve e sem base pode não resistir a fortes chuvas e enxurradas. Não terão fundações profundas, as paredes serão feitas de chapas “sanduíche” de plástico PVC e fibra de vidro. Praticamente soltos no solo, os prédios escolares só poderão ficar em terrenos planos. As creches também devem ficar em área totalmente afastadas das grandes árvores ou encostas, já que as estruturas não aguentam grande impacto. Os técnicos responsáveis de construção pré-moldada afirmam que o PVC não propaga chamas. Porém, os críticos da proposta afirmam que a fumaça da queima do plástico é tóxica, mais letal do que o calor, em caso de tragédia. Apesar de frágeis, as creches de plástico têm custo de R$900 mil, enquanto aquelas feitas de alvenaria custam R$1 milhão cada uma. A diferença é pequena para a perda de durabilidade e qualidade, sem dúvida.

Conforme o Tribunal de Contas da União (TCU) o governo não apresentou nenhum critério para mudar o projeto original. Relatório do TCU, que analisou a contratação de empresas para construir as referidas creches mostrou que as firmas não apresentaram “ensaios destrutivos” para garantir a durabilidade dos prédios, simulando o desgaste normal dos anos. O TCU questionou a concorrência que foi ganha por apenas duas empresas paranaenses, no valor de R$455 milhões. As empreiteiras do método de alvenaria denunciam o lobismo das citadas empresas perante o MEC. O fato é que a experiência na cidade do Salvador e no Estado de Alagoas não foram boas. As escolas pré-moldadas na Bahia feitas há alguns anos terão de ser destruídas, em razão da estrutura atual não comportar mais manutenções nas redes elétrica e hidráulica. A prefeitura de Salvador chegou à conclusão de que os projetos são descartáveis. Em Alagoas, as prefeituras tiveram dificuldades em ligar as redes de água e de esgoto das escolas de plásticos do programa de construção para os municípios atingidos pelas enchentes, à rede padrão de fornecimento, visto que as estruturas eram diferentes.

Enfim, não se sabe quantas escolas da espécie serão apresentadas até os próximos momentos da campanha eleitoral. Porém, é lamentável que a falta de qualidade e o desperdício nortearam o referido “método inovador”.

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