05/03/2014 - BAIXA PRODUTIVIDADE
Uma semana depois de divulgado o
PIB do ano passado, de 2,3%, verificou-se que a poupança global sobre o PIB se
reduziu de 14,6% para 13,9%. Já, para o investimento total de 18,4%, houve o
ingresso de 4,5% de investimento externo. No momento em que o País se vê
ameaçado de ver rebaixada a sua nota por agências de risco internacionais, a
situação do PIB poderia piorar. Não melhorar, conforme disse no anúncio daquela
taxa o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que tem errado quase sempre sobre
dados macroeconômicos projetados.
Hoje, os comentários pertinentes
à macroeconomia, feitos pelo economista Alexandre Schwartsman, na coluna
Opinião Econômica do jornal Folha de S. Paulo, traz à tona a continuidade da
baixa produtividade brasileira. Assim ele se referiu: “A contrapartida do baixo
investimento é o aumento não menos medíocre da produtividade. Tomada o valor de
face, ela teria crescido 1,5% no ano passado, já que o produto aumentou 2,3%, e
o emprego 0,7%. Ocorre que, se crermos nisso, também seríamos obrigados a
acreditar que em 2012 (quando o produto aumentou 1%, e o emprego, 2,2%), a
produtividade teria caído 1,1%, o que me parece um absurdo. ‘Limpando’, porém
essas flutuações, estimo que o produto por trabalhador tenha crescido a uma
velocidade média de 0,7% a 0,8% ao ano no período mais recente, desempenho para
lá de insatisfatório. Assim, se tomarmos a média do crescimento dos últimos
três anos (2,1% ao ano), a contribuição da produtividade é minúscula, apenas
0,4% ao ano, vindo o restante (1,7% ao ano) da expansão do emprego. Trata-se,
pois, de crescimento baseado na ‘força bruta’, cujos limites se tornam visíveis
à medida que se esgota o estoque de trabalhadores desempregados. As
perspectivas, portanto, não são particularmente animadores. O consenso de
mercado aponta para uma expansão da ordem de 1,7% em 2014”.
Há, hoje em dia, perspectiva pior
para o incremento do PIB, de 1,5% em 2014, feita pelo economista Raul Velloso,
respeitável entendedor da contabilidade nacional. Na verdade, o modelo baseado no
uso da capacidade ociosa, do crédito, do emprego e do consumo chegou aos seus
limites, sendo necessário mudar o modelo econômico, já no quarto ano de mau
desempenho, para as necessidades de o Brasil ingressar no mundo desenvolvido. O
arremate do economista Alexandre, referido acima (último parágrafo) é
definitivo: “O principal gargalo nesse contexto é a falta de capacidade
intelectual de gerencial no governo que permita essa imprescindível correção de
curso; é isto, mais que qualquer outro fator, que nos condena a uma triste
sequência de ‘pibinhos’.”
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