30/07/2012 - POTÊNCIA EM PEIXES


O professor da Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais de Paris, Ignacy Sachs, em entrevista dada no Rio de janeiro, publicada hoje pelo jornal Correio da Bahia, avalia que o Brasil tem grande oportunidade na exploração sustentável dos recursos hídricos. Sachs é conhecido internacionalmente como defensor do desenvolvimento, preservando a sustentabilidade ecológica. Para ele: “O País poderia virar a maior potência mundial em produção de psicultura. O peixe contra o bife. Recursos aquáticos são uma grande força deste País. Vamos sair da fase da caça, a pesca profissional, para a psicultura. Pessoas como eu têm a função de semear ideias. Depois, alguém pode pegar e levar adiante”. A questão que ele não responde é como levar adiante e porque até hoje não foi. Os brasileiros sabem que a produção pesqueira nunca foi prioridade governamental. A iniciativa privada não reúne condições de realizar altos investimentos em infra-estrutura. Portanto, falta planejamento governamental de longo prazo. Existem linhas de crédito, mas não existem projetos, de forma generalizada, para tornar o Brasil uma potência na produção de peixes. O entrevistado aduz às fazendas marítimas como uma das soluções. Refere-se que “a psicultura em pequenos açudes poderia ser fundamental no desenvolvimento rural. Para mim, no caso do Brasil, a psicultura tem um papel fundamental para enriquecer o conceito de propriedade rural. Isto não está sendo enfatizado”. Realmente, existem poucas experiências no Brasil. No Japão, elas existem em profusão para atender a grande demanda pesqueira daquele país. Lá o peixe está muito mais presente do que aqui na dieta.
Instado a falar sobre a conferência que participou a RIO+20, assim respondeu: “Primeiro, a consolidação do bloco dos países emergentes. Em segundo lugar, para mim, seria ideal juntar a ideia do contrato social com a volta do planejamento. Existem os objetivos sociais, a viabilidade ambiental que não podemos mais abstrair – porque pode comprometer todo o processo e para que as coisas aconteçam – é preciso dar uma viabilidade econômica. Todo debate passa por esse tripé. Infelizmente, sempre aparecem aqueles que privilegiam um pé do tripé ou apenas os outros dois. Não há razão para pensar que o desenvolvimento consiste unicamente na acumulação dos bens materiais. Quanto mais rápida for reduzida a desigualdade abissal que existe hoje, mais rapidamente podemos entrar em uma fase de desenvolvimento na qual o problema não será mais aumentar o produto material, e sim, manter um nível razoável de material per capita para todos. Se a gente fizer um esforço para reduzir as enormes diferenças de consumo material que existem hoje, de um lado, e continuar no processo de educação, vamos chegar a um momento de dizer ‘basta’, para não manter o nível de consumo quem existe hoje”.

Sem dúvida, o professor está certo, visto que falta mesmo é o planejamento de longo prazo, muitas vezes aqui referido.

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