18/08/2012 - PRODUTOS DE BELEZA
Uma classificação econômica dos
bens e serviços os coloca entre essenciais, supérfluos e indiferentes, na sua
utilização. Vale dizer, essencial é aquele que não deve faltar. Alimentos,
roupas, transportes, energia, saneamento básico, remédios, vacinas, hospitais,
educação, habitação, dentre outros, pelos quais o cidadão, o Estado, a
sociedade, hierarquizam a sua utilização. Os bens supérfluos são aqueles que
podem ser preteridos. Contudo, a escolha deles é de forma individual e que se
traduz em um coletivo que surpreende. Desde 2006 que o Brasil ocupa o terceiro
lugar no consumo mundial de produtos de beleza, vindo em segundo o Japão e em
primeiro os Estados Unidos. Pesquisa da consultoria internacional AT Kearney
quantifica que, em 2013, o Brasil passará o Japão, ficando em segundo lugar no
referido consumo. Em 2011, os Estados Unidos gastaram, em bilhões de dólares,
63; o Japão, 48; o Brasil 43; a China, 28; a Alemanha, 19. A previsão dela é de
que em 2013, os Estados Unidos gastem, em bilhões de dólares, 67; o Brasil, 50;
o Japão, 49; a China, 34; a Alemanha, 20. Os bens e serviços chamados de
‘indiferentes’ (o lado oculto e inesperado de tudo que nos afeta, ler
Freakonomics, best seller de Levitt e Dubner) não são objeto desta análise.
Os economistas criaram o conceito
de elasticidade dos bens e serviços, visando orientar como as forças de mercado
poderiam decidir quanto a se posicionar no circuito econômico, qual seja:
produção, comércio, consumo e distribuição de renda. Para os consumidores,
criaram o conceito de elasticidade da demanda; para as empresas, o da
elasticidade da oferta. Há outros conceitos de elasticidades, tais como
elasticidade de divisas (moedas), elasticidade cruzada de bens, sejam de bens
de consumo doméstico ou de bens transacionados internacionalmente. No propósito
atual, de entender a preferência dos demandantes, vê-se que a preferência de
muitos dos bens supérfluos os colocam como superiores aos bens essenciais. Como
a elasticidade da demanda é definida como a variação relativa entre quantidades
de um bem dividida, pela variação relativa dos respectivos preços, em variados
momentos de tempo, os bens elásticos tem tal razão modular maior do que a
unidade; os bens inelásticos, menor do que a unidade. A lição de que se retira
desse exercício econômico é de que, em termos de lucros, os bens supérfluos são
superiores, em condições de normalidade, visto que as variações das quantidades
consumidas, para cima, variam mais do que as variações nos respectivos preços.
E, vice-versa.
Voltando à citada pesquisa, no
Brasil o segmento mais dinâmico são os produtos para cabelo. Segue-lhe as
fragrâncias, os produtos para pele, desodorantes e produtos para maquiagens. As
razões apontadas pela aguda vaidade brasileira se devem, conforme a pesquisa,
ao aumento da classe C, de 36% em 1994 para 52% em 2011 e ao envelhecimento da
população. O consumo de produtos de beleza desde 2006 cresce 10% ao ano.
Evidentemente, que a pesquisa não captou (não se sabe se perguntou), sobre a
importância dos diferentes tipos de propaganda que se faz em todas as formas de
mídia. A vaidade é um pecado capital, tendo ocupado o quinto lugar dentre os
sete pecados capitais classificados pelo Concílio de Trento (1545 a 1563).
Portanto, os produtos de beleza no geral são economicamente elásticos, sendo
objeto de intensa propaganda, o que dinamiza muito o seu consumo.
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