08/08/2012 - SONDAGEM FOCUS
A sondagem semanal do Banco
Central, aguardada toda segunda feira pela sua divulgação, revelou ontem a
continuidade de um quadro econômico nacional de dificuldades e de
estagnação. As informações permaneceram
quase iguais as da semana passada, um pouquinho de nada pior. Transparece que
se bateu no fundo do poço, mas parece que a economia brasileira vai segurar-se
no crescimento sofrível ainda neste ano e provavelmente não ingressará em
recessão nos próximos exercícios. Os
formadores de opinião do sistema financeiro, auscultados pelo Banco Central,
projetaram um PIB caindo de taxa de crescimento de 1,90% para 1,85%, em 2012. A
projeção da referida taxa para 2013 se reduziu de 4,5% para 4%. A expectativa da inflação, medida pelo índice
oficial (IPCA) se elevou ligeiramente de 4,98% para 5%, neste ano. As
estimativas para a taxa básica de juros, a SELIC, é de que ela caia na última
reunião deste ano para 7,25%, sendo dois ajustes nas reuniões de outubro, de
0,5%, e de 0,25%, em novembro, encontrando-se hoje em 8%. No entanto, a
previsão é de que volte a SELIC a crescer em 2013, mas bem pouco, fechando 2013
em 8,5%. O dólar passou a percepção ao mercado financeiro que o seu piso é de
R$2,00. Afinal, R$2,00 é equivalente a R$1,70, a preços de 2008, quando retirado
o efeito da inflação brasileira (mais alta) do que a inflação americana. O
Banco Central não está comprando dólar, no momento.
A expectativa de que a taxa de
câmbio permanece por volta de R$2,00 representa um entrave à recuperação da
indústria exportadora e influencia a economia como um todo. O real continua
muito valorizado e o governo quer assim para manter o controle inflacionário,
visto que os produtos importados correspondem a mais de 30% do peso no IPCA. No
entanto, o governo federal acena com outras medidas (o nono conjunto, a ser
anunciado nos próximos dias), já que realizou 8 delas desde o ano passado, na
área fiscal, sem grandes efeitos.
A conclusão que se faz da
política econômica é de que continua a ortodoxia. O governo federal mantém o
tripé de controlar a inflação, via taxa de juros; pagar parte dos juros da
dívida pública, com superávit primário; câmbio flutuante, mas com suposta
intervenção do Banco Central, no caso de especulação monetária com moeda
estrangeira. O colchão de reservas externas de cerca de US$370 bilhões está a
postos para evitar um ataque especulativo. Dessa forma, procura a equipe
econômica segurar, para não ingressar em recessão, mas também a economia não
retorna ao ciclo virtuoso de crescimento acima de 4%. Nem na média de 4%,
obtido pelo governo de Lula. As taxas do governo de Dilma, com respeito ao PIB
estão até agora piores do que aquelas do governo FHC. Evidentemente, que sua
popularidade em alta se deve a manutenção de baixo nível de desemprego, de
estabilidade das instituições e das prometidas, anunciadas e ate agora não
cumpridas reformas econômicas indispensáveis para que o País volte a crescer
mais, com vistas a ingressar em um voo de águia. Por enquanto o vôo retornou ao
de galinha, que vem mais sendo realizado desde os choques do petróleo dos anos
de 1970. Convém lembrar que, o primeiro choque foi o de 1973, brecando o
crescimento a taxas acima de 10%; o segundo choque, o de 1979, trouxe a
economia para crescer por volta de 2% anuais. A maioria dos anos dos mandatos
dos governos de Lula contou com bom crescimento da economia mundial, o que não
correu com FHC e não está ocorrendo com Dilma, até agora.
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