25/08/2012 - SINAIS DO MERCADO IMOBILIÁRIO



A indústria de construção civil é aquela que mais gera empregos juntamente com a indústria automobilística. Não sem outro motivo que o Plano de Metas (1956-1961), do governo JK, alicerçou-se nos referidos carros chefes e obteve êxitos até hoje inigualáveis. Citado Plano definiu 30 metas, basicamente em redor da indústria montadora paulista, mais a construção da capital federal. O lema de JK era “crescer 50 anos em 5”. Sem dúvida, a economia cresceu naquele período 8,3% em média anual. Ocorreu que não tinha JK todos os recursos para investir. Dessa forma, acionou a porta de entrada ao capital estrangeiro, que já existia desde 1955, a Instrução 113 da SUMOC, que permitia a entrada de bens de capital, sem cobertura cambial, para montar os segmentos industriais projetados. O vigoroso ritmo de crescimento trouxe também consigo uma elevação inflacionária de dois dígitos e crescente. Foi quando o FMI recomendou a JK que revisse o Plano, para combater a inflação. JK rompeu com o FMI, em 1959 e continuou fazendo gastos com emissões monetárias, o que inundou o País de dinheiro e trouxe mais inflação. Depois do seu governo, a crise de grandes proporções foi instalada, culminando com o golpe militar de 1964. Na época, o recuo da construção civil foi inevitável, assim como elevação do desemprego e revolta popular. A partir de 1964 o Brasil reformará as suas bases econômicas, adotando o capitalismo e afugentando as forças da esquerda. Portanto, a crise capitalista se instala, resultando em muito desemprego. Mais uma vez a construção civil de casas populares vai ser chamada. Dissemina-se o BNH e 20 anos depois ele foi substituído pela Caixa, que paralisou praticamente por 20 anos o financiamento habitacional. Parou para acertar.

Nos anos atuais, em 2007, nos Estados Unidos começou um processo recessivo, a partir do recuo da construção civil. Lá, além de financiar-se casas em demasia, houve desvio de dinheiro para o consumo, nem sempre com a presença das garantias hipotecárias. Dessa maneira, alastrou-se o problema para o sistema financeiro, levando a quebra de diversos bancos em 2008, disseminando-se para outros segmentos industriais, ao ponto do Tesouro dos EUA injetarem dinheiro para salvar as suas principais montadoras de automóveis. Depois a crise derivou-se para a Europa e atingiu todo o mundo. Permanece, portanto, por cinco anos, sendo considerada a maior desde a Grande Depressão de 1929.

A China vinha a 30 anos crescendo por volta de 10% anuais. Porém, devido aos cinco anos de sufoco mundial, as suas previsões de crescimento estão hoje abaixo de 8%. Na China existem 64 milhões de residências vazias, além de centenas de prédios comerciais sem uso. A bolha imobiliária só não estoura lá porque não há pressa para vender os imóveis. A construção civil já responde por 12% do PIB. O capitalismo de Estado chinês é de partido único, havendo 30% da mão de obra localizada ainda no campo e essa está sendo programada para ocupar os imóveis. É um paradoxo. Mas, não estoura devido ao autoritarismo chinês.

No Brasil, desde 2005 a indústria da construção civil tem crescido muito acima da taxa do PIB. No entanto, o País aprendeu que a euforia não deve tomar conta mais da área, desde os anos de 1980. Na verdade, a oferta agora já é maior do que a demanda efetiva. Não do que a demanda potencial, visto que há déficit reconhecido pelas autoridades de 7 milhões de moradias. Portanto, vive o mercado imobiliário brasileiro uma ressaca a ser curada. Não sem motivo também o PIB recuou bastante no governo da presidente Dilma.





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