11/06/2020 - INFLAÇÃO IRÔNICA
O IBGE divulgou ontem que o País está em um processo de
inflação negativa ou deflação, isto é, quando o índice da média da cesta dos
produtos mais consumidos pelos brasileiros ficou negativo. No livro de
Introdução à Economia, de Paul Singer, vê-se bem claro que a média é
enganadora. Assim, ele diz que se uma pessoa está com a cabeça no fogareiro e
os pés na geladeira, na média vai bem. Os estatísticos retrucam que a melhor
medida de tendência central é a mediana. Porém, a média é o que calcula é o
IBGE. Dessa forma, divulgou ontem aquela instituição que a deflação de maio foi
de 0,38%, sendo o resultado mais baixo para o mês desde que começou a ser
calculada pelo método atual em 1980. Antes, a inflação era calculada pela
Fundação Getúlio Vargas e era uma proxy da inflação que ocorria no Rio de
Janeiro. No ano se tem deflação de 0,16%. No acumulado para 12 meses o
indicador é de 1,88%, muito abaixo da meta estabelecida pelo Conselho Monetário
Nacional de 4%, mediante viés de 1,5% para mais ou para menos. No caso seria
comparado com 2,5%. Como o Banco Central irá se reunir na próxima semana, dado
que a SELIC está em 3%, comenta-se no mercado financeiro de que a taxa básica
de juros poderá cair até 0,75%, ficando em 2,25%. O raciocínio é lógico, pelo
relacionamento entre a esfera financeira com a esfera produtiva. Porém, encontra-se
em vigor o combate à pandemia do novo coronavírus, pelo qual se tem o
isolamento vertical, o que não mudará praticamente nada na reativação da
economia, pela lógica da redução da taxa SELIC.
A taxa de inflação negativa foi impulsionada pela forte
retração dos preços dos combustíveis naquele mês. O inverso está ocorrendo
agora em junho, quando os preços estão se recuperando, embora os reflexos no
indicador poderão ser em julho.
A ironia é de que com os combustíveis com preços em baixa em
maio, quem pagou a conta foram os mais pobres. Os preços dos alimentos
dispararam em maio. O indicador da cesta dos alimentos foi de inflação
acumulada de 3,70% no ano, segundo também o IBGE.
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