09/10/2018 - PROPOSTAS INSUFICIENTES
Definidos que estarão os vitoriosos candidatos ao segundo
turno das eleições, no dia 28 próximo, ontem, a bolsa brasileira subiu por
volta de 4,7%, chegando ao recorde acima de 86 mil pontos, além de o dólar
recuar mais de 2%, indo para R$3,75, em resposta ao resultado do primeiro
turno, em que Jair Bolsonaro bateu Fernando Haddad, de 46% por 29%. A bolsa de
valores é o local onde os grandes capitais se apresentam como investidores de
peso, que poderão retornar ou retirar seus projetos da gaveta, tal como o grupo
Votorantim, que possui R$20 bilhões em caixa. Contudo, as propostas
apresentadas até agora pelos finalistas do referido turno são insuficientes e
não estão claras para o mercado financeiro.
Insistem os candidatos em três pontos. Para Jair Bolsonaro.
Primeiro, implementar o modelo de capitalização da Previdência Social. Segundo,
estabelecer a alíquota única de 20% do imposto de renda para quem ganha até
cinco salários mínimos, ficando estes isentos de recolhimento na fonte.
Terceiro, privatizar estatais, por volta de um terço delas, reduzindo também o
risco regulatório. Para Fernando Haddad. Primeiro, revogar a PEC do teto dos
gastos públicos e a reforma trabalhista. Segundo, isentar de imposto de renda a
quem ganha até cinco salários mínimos. Terceiro, expandir as parcerias público-privadas
e aperfeiçoar marcos regulatórios.
Passada a euforia de ontem na bolsa de valores, agentes do
mercado cobram que as propostas sejam detalhadas e de como irão executá-las. Em
ambos os discursos dos candidatos não se viu a resolução do pior problema
governamental, qual seja o crescente déficit público, há cinco anos.
O mercado vê no discurso de Haddad a repetição do desastre
que foram os erros, que começaram no segundo mandato de Lula e estouraram no
governo de Dilma Rousseff. O intervencionismo estatal, criando novas estatais e
fixando regras para o grande capital, além de querer mexer na Constituição,
embora tenha negado no programa de ontem à noite do Jornal Nacional da rede
Globo, que convocaria uma Constituinte. No mesmo programa Bolsonaro negou que
também assim faria. No caso de Bolsonaro, as propostas estão sendo menos
prejudiciais ao mercado, segundo analistas financeiros.
O calcanhar de Aquiles de ambos os candidatos é que durante
sua vida eles não se mostraram reformistas estruturais, o que a economia
brasileira mais precisa hoje em dia, razão pela qual, doravante, terão que
detalhar suas propostas de governo, para que se tenha um candidato vitorioso no
próximo segundo turno.
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