17/10/2017 - MINHA CASA MINHA VIDA FAIXA 1
No início de maio de 2002, o coordenador do programa do governo
Lula, Antônio Palocci, articulou um documento de compromisso, chamado de Carta
ao Povo Brasileiro, lançado em 22 de junho de 2002, garantindo cumprimento dos
contratos e preservação do superávit primário, exigências dos mercados. O
próprio Palocci, advindo do grupo extremista de esquerda, Liberdade e Luta (trotkista),
tinha mudado para capitalista. A estratégia delineada foi a de Lula governar
(2003-2006), agradando aos ricos e pobres. Aos ricos, facilitando a ampliação
de seus lucros. Aos pobres, mediante ampliação dos programas sociais. O
crescimento advindo se fez com uma inflação bem comportada. No seu segundo
mandato, Lula deixou de ser ortodoxo e ampliou a intervenção do Estado. Mesmo
assim continuou obtendo êxitos. Manteve o tripé, estabelecido desde 1999, por
FHC, de sistema de metas de inflação, câmbio flutuante e superávit fiscal. A
ex-presidente Dilma estourou o tripé e cometeu crime de responsabilidade
fiscal. A forte recessão comprometeu seu trabalho e o do seu substituto Michel
Temer. Em 2016, este se tornou ortodoxo, mas não restabeleceu ainda as margens
de lucros dos capitalistas, que exigem as reformas estruturais, bem como
reduziu os recursos para os programas sociais. Fez revisões nos benefícios do
Programa Bolsa Família, nos benefícios do INSS e restringiu o Programa Minha
Casa Minha Vida (MCMV).
Em artigo de hoje, na Folha, intitulado “Sem teto, sem futuro”,
Nabil Bonduki, assim se refere: “O orçamento de 2018, enviado ao Congresso por
Michel Temer, zera os recursos para a Faixa 1 (renda familiar de até
R$1.800,00)... O governo paralisa um programa que, apesar dos seus defeitos, é
o único que atende aos pobres, sem acesso a uma moradia digna no mercado... Não
por acaso, cresce o adensamento em favelas e se multiplicam ocupações em
terrenos e prédios ociosos... O déficit voltou a 7 milhões... O Programa
Nacional de Habitação calculou uma demanda de 27 milhões entre 2009 e 2023”. O
caso é que a Faixa 1 concentra 70% do déficit acumulado. A situação habitacional
vai tornar-se explosiva.
A postura ortodoxa de Temer é de reduzir a intervenção do
Estado e, certamente, além da forte recessão provocada por Dilma, ele irá
diminuir os benefícios sociais que advieram dos governos do PT. Até porque ele
não tem recursos adicionais. Na época de Lula, o jornal londrino Financial
Times se reportava a que “os ricos ficavam mais ricos e os pobres mais pobres”.
Agora, retorna-se ao que o Papa Paulo VI já se referia: “no Brasil os ricos
ficam mais ricos; os pobres, mais pobres”.
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