08-10-2017 - PROTEÇÃO DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA
Por que a indústria automobilística tem de ser protegida? Não
teria de ser se efetivamente fosse competitiva, ao nível internacional. Afinal
as mesmas montadoras daqui são filiais das matrizes do exterior. O que ocorre é
que as multinacionais realizam o “ciclo do produto”, mostrado por Jean Jacques
Servan Schreiber, no livro “O desafio americano”. Ou, no livro “A ditadura dos
cartéis”, de Kurt Rudolf Mirow, ambos os textos dos anos de 1970, época em que
vigorava a “guerra fria” entre os imperialismos soviético e americano. A
bandeira era a do nacionalismo. Finda a referida guerra, acabou o sentido do
confronto imperial e o mundo passou a fazer parte da globalização. Acabou
aquela ideia do livro de Barbosa Lima Sobrinho de que “O capital se faz em
casa”. As multinacionais passaram a ter papel de uma ordem de harmonia de
convivência. Porém, emergiu a China no final daqueles anos, assim como surgiram
cerca de pelo menos vinte países emergentes. Entre estes passou a existir a
guerra de subsídios às exportações e adaptações tecnológicas mundiais. “O ciclo
do produto” é que as máquinas mais novas ficam nas sedes das multinacionais e
as mais velhas vão para os países subdesenvolvidos. E, assim, sucessivamente.
Em razão do quadro de globalização, a representante de
montadoras de veículos, instalada no Brasil, Associação Nacional de Fabricantes
de Veículos Automotores (ANFAVEA), pelo menos, desde aquela época, propõe
política industrial específica, e os governos têm atendido, devido ao forte
lobby que elas possuem.
Conforme dados divulgados no dia 5 passado, pela ANFAVEA, a
produção de veículos cresceu 27%, entre janeiro a setembro, em comparação com o
mesmo período do ano passado. Mas, em relação a agosto, o indicador caiu 9,2%.
O crescimento acumulado do ano foi puxado principalmente pelas exportações, que
subiram 55,7%. Claro, devido aos incentivos aos exportadores. As vendas em
setembro somaram 129,9 mil e cresceram 24,5%, em relação ao mesmo mês do ano de
2016, considerado o pior em unidades comercializadas. O segmento produtivo está
normalizado e crescerá muito bem, muito mais do que o País como um todo.
Atualmente, o número de carros nos pátios das montadoras é
suficiente para atender 33 dias de vendas, o que é considerado adequado pela
ANFAVEA. O programa de incentivo, chamado de INOVA-AUTO, foi postergado para
outubro. Aguarda o segmento nova política industrial, já chamada de ROTA 2030.
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