03/10/2017 - CICLO LONGO DE CRESCIMENTO
Em evento ontem sobre tecnologia, em São Paulo, o Ministro da
Fazenda, Henrique Meirelles, referiu-se a possuir dados que indicam que o
Brasil terá um longo ciclo de crescimento, daqui para frente. As expectativas
de que a taxa básica de juros bastante reduzida se prolongará por vários anos é
o seu maior recado dentro da ortodoxia econômica. Referiu-se também a que os
economistas consultados pelo Banco Central já projetam crescimento do PIB de
0,7% neste ano e de que a economia começará 2018 crescendo por volta de 2,38%.
Porém acredita que a taxa será maior. Enfim, de que os economistas serão
surpreendidos “por sua força e vigor” (da recuperação). Recorde-se que
Meirelles foi presidente do Banco Central de Lula (2003-2010), do primeiro ao
último dia. Ao ser ortodoxo no BC, colaborou para manter o tripé da economia,
estabelecido por FHC, em 1999, de meta de inflação, câmbio flutuante e superávit
primário. O êxito é inegável. Os desacertos vieram desde 2011, quando a presidente
Dilma, veladamente, forçou a queda da SELIC com inflação ascendente. Depois, executou
uma sucessão de erros, que a levaram até ao crime de responsabilidade fiscal e
fora afastada do governo definitivamente. Sem dúvida, a economia doméstica se
organiza para crescer. Já na economia externa os superávits da balança
comercial continuam e devem passar de US$60 bilhões. Até setembro alcançou
US$53,3 bilhões. O saldo das transações correntes será mínimo de negativo.
Estudos da consultoria 4E a levaram a divulgar que, entretanto,
o brasileiro vai ter de esperar mais cinco anos para recuperar o padrão de vida
que tinha antes da recessão. Perante a crise prolongada, o PIB per capita só
deverá retornar ao patamar de 2013 entre 2021 a 2023. A expectativa é de que o
PIB per capita alcance R$33,5 mil em números deflacionados, em quatro ou cinco
anos, superando o patamar de 2013, de R$33,4 mil. A recessão fez com que os
ganhos no período de forte crescimento do País regredissem. Assim, como reflexo
da perda de renda e a alta do desemprego, o brasileiro freou o consumo, adiando
planos e aprendeu a viver com menos. Antes da crise (2014-2016), os fatores que
afetaram o desempenho no Brasil foram a queda nos investimentos e aportes mal
feitos de capitais patrocinados e realizados pelo governo. Ao contrário de
2008, quando a crise capitalista foi mundial a de 2014-2016 foi basicamente da
economia brasileira.
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