06/10/2017 - RISCO E INCERTEZA
Teoricamente, pode-se falar em capitalismo, socialismo,
comunismo e suas formas híbridas. Hoje em dia somente existem duas formas
gerais de sistema econômico: Capitalismo Híbrido e Capitalismo de Estado. O que
distingue o Capitalismo Híbrido, ou só Capitalismo, do Capitalismo de Estado
são as condições de risco e incerteza. As duas maiores economias do mundo são
as respectivas expressões: Estados Unidos e China. Nos países em que se toma a
forma dos Estados Unidos, a presença do Estado é de regulador e,
episodicamente, a de interventor. Na forma adotada à semelhança da China, a
presença do Estado é muito ampla, além de regulador é de interventor. No
primeiro, no sistema político, há democracia relativa, de eleições diretas. No
segundo sistema político há eleições indiretas. Quanto mais democracia, mais
segurança jurídica e vice-versa. O Brasil está na órbita americana. Porém, a
insegurança jurídica aqui é grandiosa. Na maioria dos governos nacionais que
houveram, principalmente neste século XXI, a política tem sido feita como
balcão de negócios. Na era Lula, ele respeitou contratos, gerou confiança e a
economia cresceu bem. Lula conseguiu se sair “bem” do chamado “mensalão”, visto
que ele contou com investimentos crescentes e boa onda externa para o PIB. Entretanto,
ainda no seu segundo mandato, Lula rompeu com a ortodoxia e se tornou
heterodoxo (maior intervenção do Estado na economia). Dilma foi pior ainda,
porque trouxe de volta o déficit primário e o retorno da inflação elevada.
Destituída. Foi substituída por Michel Temer, que tem realizado um balcão de
negócios explícito. Isso tem gerado mais
risco e incerteza. Por isso, o investimento tem recuado nesta década, muito
embora tenha retornado à ortodoxia econômica.
Miriam Leitão assim se referiu ontem, em sua coluna do jornal
O Globo, em artigo intitulado “Balcão do Planalto”: “O Brasil vive pela segunda
vez a exibição vergonhosa do balcão de negócios do Planalto. O presidente, a
cada denúncia, abre as portas aos parlamentares que vão, com maior ou menor
grau de despudor, vender seus votos em troca de alguma moeda: o apoio a
projetos, a liberação de recursos, a defesa de interesses. O presidente dá a
desculpa de que receber políticos é sua forma de governar. Isso deprecia ainda
mais a política e reduz a confiança na economia... Aumenta o risco fiscal... Em
menos de 12 horas de audiências, Temer recebeu mais de 50 deputados e alguns
disseram explicitamente que estavam ali para trocar seu voto na manutenção do
presidente no cargo por alguma demanda”.
Aí tem munição de sobra para fazerem os militares do Alto
Comando do Exército reiterar declarações de uma intervenção militar, para
limpar a área desses políticos. O deputado militar da reserva, Jair Bolsonaro,
é o segundo nas pesquisas para presidente. Espera-se que a saída seja
democrática e com novo presidente honrado.
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