29/03/2017 - “NÃO EXISTEM ATALHOS PARA O DESENVOLVIMENTO”




Por Fernando Veloso, do IBRE/FGV, um dos artigos de ontem no blog da instituição.

“Uma ideia que tem tido papel central nas políticas adotadas no Brasil desde o pós-guerra é a de que existem atalhos para o desenvolvimento. Em particular, o caminho para a elevação da produtividade seria a adoção de incentivos e mecanismos de proteção para setores específicos. Esse diagnóstico fundamentou a política de substituição das importações entre 1950 e 1980 e, recentemente, as políticas industriais implantadas sob a Nova Matriz Econômica. A agenda de crescimento deve consistir na revisão dessas políticas, como tem sido feito por meio da redução das desonerações tributárias e do crédito subsidiado, assim como através das mudanças da política de conteúdo local que acabou de ser divulgadas. No entanto, para que a produtividade possa crescer de forma sustentada, será necessário um diagnóstico mais abrangente dos entraves específicos que precisam ser removidos. Os dados mostram que a produtividade brasileira está distante da produtividade dos países desenvolvidos em praticamente todos os setores. A produtividade dos Estados Unidos é cerca de 14 vezes maior do que a do Brasil na agropecuária, 5,7 vezes na indústria e 5,4 nos serviços”. Aqui estão juntos cinco parágrafos, nos quais o autor concorda com o que está fazendo a atual equipe econômica, qual seja a retirada de subsídios e incentivos. Em seguida, desenvolve o autor mais cinco parágrafos em que defende que, para o desenvolvimento pleno aconteça é preciso melhorar, e muito, o ambiente de negócios.

Sem dúvida, o desenvolvimento é nome de produtividade. Basta dizer que a produtividade da economia brasileira é conhecida como o incremento anual do PIB. Não sem motivo, onde não existem subsídios são no setor de serviços (5,4 vezes a dos EUA é maior) e ele está mais próximo do setor de país rico. Em seguida, onde existem subsídios localizados vem a indústria (5,7 vezes a dos EUA é maior). Em terceiro, vem a agropecuária com subsídios generalizados para custear as safras de todo o ano (14 vezes a dos EUA é maior).

Por oportuno, justamente quando hoje se anunciará a retirada de vários subsídios, a Fundação Getúlio Vargas divulgou que o Índice de Confiança da Indústria avançou para 90,7 pontos, o maior nível desde maio de 2014, quando começou a atual recessão, que, ao que parece, está chegando ao fim.

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