26/03/2017 - GOVERNO ENGARRAFADO
O ente governo no Brasil sempre se manteve em forma de
garrafa. Ou seja, cerca de 90% de despesas são obrigatórias, criadas pela
gigante máquina pública, gigantismo que vem do exemplo da União, passa pelos
Estados e atinge os municípios. Os 10%, teoricamente, são livres, para
investimentos em infraestrutura, em ampliar ações estatais e pagar os juros da
dívida. Na atualidade a despesa pública supera, em muito, a arrecadação,
tornando o engarrafamento explosivo em recessão. Ser governo é processar a
cultura de ter máquina gigantesca e controladora. Burocrática e centralizadora.
Por isso mesmo ineficaz, ineficiente, antieconômica. Deveria ser o contrário. Dessa
forma, quando a economia está crescendo, os gastos do governo podem ser
suportados, mesmo crescendo acima do crescimento do PIB, conforme aconteceu
durante a era FHC e a era Lula, os quais buscaram e atingiram praticamente o
superávit fiscal em longo período. Porém, quando a economia começou a
arrefecer, na era Dilma, retornou o déficit primário, depois de 18 anos de
superávit, a inflação também recrudesceu e a recessão se instalou. O atual
governo de Michel Temer está ganhando a luta contra a inflação, mas está tendo
enormes dificuldades para fazer o País voltar a crescer, devido ao fato de que
tem operado com o desalento, tanto dos empresários como dos consumidores. A
prova aí está em que, fazendo um orçamento público, prevendo, no ano passado, crescimento
econômico deste ano de 1,6%, recuou para 1% e agora para 0,5%. O orçamento
feito em agosto, aprovado pelo Congresso, previa déficit primário de R$139
bilhões. Perante a revisão do governo de menor crescimento (0,5%) as receitas
se reduziram em R$35 bilhões. Mais os gastos atrelados ao INPC, dos reajustes
dos servidores e de elevação de outras despesas públicas, o governo admite um
déficit incremental de R$58,2 bilhões. Quer dizer, neste ano poderia chegar a
R$197,2 bilhões de rombos inigualáveis por aqui. Embora a gestão pública tenha
começado bem, cortando ministérios de 39 para 25, logo em menos de um ano criou
mais 3. Hoje 28 ministérios executivos. Ora, disse que iria cortar e agora está
aumentando. Da mesma forma, disse que não aumentaria impostos, mas agora o
Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que é “inevitável” o citado
aumento. Na contramão ainda veio o espetáculo negativo de denúncias da operação
carne fraca da Polícia Federal, tendo trazido sérios prejuízos para o
agronegócio e refletindo negativamente no desempenho da economia como um todo.
A equipe de Temer ainda não encontrou o caminho do
crescimento virtuoso como o da era Lula, embora com o expoente daquela equipe,
Henrique Meirelles. Falta a ela estimular o investimento privado (como, se quer
elevar impostos?), restabelecer a confiança do consumidor, reduzindo o nível de
desemprego, fazer parcerias (o que já começou), utilizar-se da capacidade
ociosa, consertar a trapalhada do setor externo, sem contar que a construção
civil continua recuando e deve voltar a crescer.
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