12-03-2017 - SUPERSAFRA AGORA DERRUBA A INFLAÇÃO




No ano anterior houve grande quebra de safra agrícola e os preços subiram muito, deixando a inflação no alto, mesmo depois do ajuste fiscal de 2015. Neste começo de ano de 2017, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é o indicador oficial da inflação, calculado pelo IBGE, mensalmente, em fevereiro foi de 0,33%, o menor resultado para o mês desde o ano 2000. Isto se deveu a supersafra agrícola brasileira, que derrubou os preços dos alimentos no varejo, fazendo a inflação a surpreender positivamente o mercado, que aguardava número superior a 0,4%. Assim, a inflação acumulada em 12 meses está em 4,76%. Face ao exposto, analistas econômicos já começaram a prever uma inflação abaixo de 4% neste ano, distanciando-se do centro da meta de 4,5%, em direção ao número de 3%, conforme se some o viés de baixa. O recuo mais forte do que o esperado do IPCA também elevou as expectativas para um corte maior da taxa básica de juros, na próxima reunião do Banco Central, nos dias 11 e 12 de abril. A taxa de juros no mercado futuro fechou ontem em forte queda. O departamento econômico do Bradesco já espera que a inflação fique em 3,9%, projetando uma SELIC em 8,5% no final de 2017.

Não obstante eventuais pressões de energia elétrica ou elevação do dólar, a queda dos preços dos alimentos terá efeito maior, levando o IPCA para baixo. Os preços dos alimentos foram deflacionários sem 0,45%. Foi o maior recuo dos alimentos em fevereiro desde 1994, ano de implantação do Plano Real. Projetando queda dos preços dos alimentos, não só em um mês, mas no semestre, André Braz, economista do IBRE-FGV, assim se refere: “O primeiro trimestre é importante porque ele sofre efeitos sazonais fortes. Além de os resultados estarem baixos, na frente, os efeitos vão favorecer ainda mais a desaceleração da inflação. Há alimentos que, se não subiram agora, não vão subir mais; e outros que, apesar de registrarem queda na margem, estão com variações acumuladas ainda altas e têm muita gordura para queimar ao longo do ano”. Veja-se o caso do feijão preto, que caiu 9,2% em fevereiro, em relação a janeiro, porém, nos últimos 12 meses aumentou 39%. É o caso também das frutas, que caíram 2,46%, no mesmo período, mas em 12 meses, acumulam alta de 10%.

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