21/03/2017 - TRANSPOSIÇÃO NÃO É MAIS INCÓGNITA
O presidente Michel Temer inaugurou no dia 10, passado, a
primeira fase da transposição de águas do rio São Francisco. Obra monumental,
que já custou mais de R$9,6 bilhões e tem sua paternidade reivindicada por
Lula, que a tirou do papel em 2007, coisa que se vinha sendo cogitada desde o
século XIX. Associada à Lula, Dilma se referiu a que eles dois realizaram mais
de 85% da obra. Portanto, foram eles que fizeram a maior parte. Assim, eles
também estiveram, mas no dia 19, passado, na cidade de Monteiro, no Cariri do
Estado da Paraíba, em ato público organizado por eles como resposta à
inauguração do presidente. No referido dia 10, Temer esteve no Nordeste, onde
inaugurou uma estação de bombeamento do eixo leste, na cidade de Floresta, no
sertão de Pernambuco, depois, para a abertura de um reservatório, próximo,
seguindo para a cidade de Monteiro, na Paraíba, onde acompanhou a chegada das
águas do rio São Francisco à cidade. Temer disse que a paternidade é do povo
brasileiro. Lula, de que ele começou a obra e que Dilma quase a concluiu.
Negando que é candidato a presidente em 2018, Lula disse: “Sei que eles querem
que eu não seja candidato, porque se eu for é para ganhar e trazer de volta a
alegria deste País”. Ação e reação populistas.
Em paralelo à disputa que marca a chegada das águas do citado
rio aos canais e barragens de transposição, desenrola-se outro embate menos
transparente, entre as populações ao longo do trajeto da megaobra, atingido
também pela seca mais severa em pelo menos 50 anos no Nordeste. A rede Globo
percorreu 3 mil quilômetros para ver outras utilizações de água, que não as do
citado rio, perante falta extrema em umas áreas, além de desperdícios em
outras, vindo do oeste, no Piauí, em direção ao leste, tal como no vale da
Gurgueia, ainda no Piauí, onde vários poços foram perfurados e jatos d’água
correm em desperdícios, enquanto outras áreas muito pouco têm. Na semana
passada, a Folha enviou equipe, que percorreu 1,5 mil quilômetros, por quatro
Estados (Paraíba, Pernambuco, Ceará, Bahia, os três primeiros na rota da
transposição). Ainda é cedo para avaliação, mas a transposição deixou de ser
uma incógnita.
O quadro agora posto aparece pelo menos em dois extremos: os
beneficiários, aqueles que ficam na extremidade leste, pelo recebimento da água
do rio, encontram-se em euforia e esperança de perenidade das águas; aqueles
que ficam mais próximos da bacia, muitos sujeitos à seca são de apreensão ou de
oposição à transposição, se a situação deles piorar pela escassez de águas.
Comentários
Postar um comentário