04/03/2017 - ABUSO DO PODER ECONÔMICO




A operação Lava Jato investiga os estertores do poder há cerca de três anos. É a maior investigação de corrupção no Brasil. Demonstra, para uma população estarrecida, como o poder econômico se agiganta, perante instituições fracas, empresários e políticos podres. Que a propina sempre existiu não há dúvida. Porém, para ter-se um conglomerado crescer dez vezes em dez anos, no caso, o grupo Odebrecht, é de espantar. Ademais, 80% do citado grupo atuava fora do País. Porém, financiado por dinheiro brasileiro, a juros subsidiados, do BNDES. Isto é, dinheiro tomado de empréstimo a, por exemplo, 14% anuais, de uma SELIC, financiando, no longo prazo, grandes empresas, não somente a ODEBRECHT, a juros, por exemplo, de 7% ao ano. Quem paga os outros 7%? Vai incorporando-se à dívida pública. Está aí, claro o abuso do poder econômico. Receber 100 e dar 1 de propina, como hipótese. Há outras operações em curso, tais como a Zelotes, do setor elétrico, do setor nuclear, do financiamento dos estádios para a Copa do Mundo de 2014, ficando a maioria como elefantes brancos, além do propinoduto da Olimpíada. “É coisa”.

O desvario iria aparecer, seja como erros de política econômica, seja por corrupção, seja por déficits públicos, seja pela inflação, seja pela perda do grau de investimento internacional. Dessa maneira, no início do quarto governo do PT, verificou-se que a bomba precisava ser desmontada. Então, é que são elas. A ex-presidente Dilma foi afastada por desobedecer a Lei de Responsabilidade Fiscal. Seu vice, Michel Temer assumiu. Porém, sob a pressão da dúvida, já que ele participou duas vezes, para dois mandatos, da chapa presidencial eleita, correndo também o risco de ser afastado, pelo TSE, além de que seu gabinete já teve vários ministros afastados, suspeitos de corrupção e há mais envolvidos. É justamente onde pega a sua baixíssima popularidade, de 10%, não obstante ele não tem sido objeto de manifestações de ruas, já que a economia parece reagir lentamente, na saída do fundo do poço. Mas, ainda não emergiu. A sociedade sabe que o desvario citado não poderia continuar. Também sabe que os acordos de leniência das empreiteiras poderão levar à volta de empregos.

Itamar Franco, em 1993, assumiu em caos pior. Contudo, “achou” a luz, que foi o Plano Real. Lula queria que essa luz fosse o PAC. Dilma insistiu com o PAC. Temer vai ao campo das reformas. Vai lentamente, pela costura política. Ao contrário do que disse o ex-presidente Médici (1970): “a economia vai bem; mas o povo vai mal”. Para Temer, a política vai bem, mas a economia vai mal. Tem de ser resolvida a referida equação.

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