24/03/2017 - VACILO DA EQUIPE ECONÔMICA
Tão seguro estava até aqui, o Ministro da Fazenda, Henrique
Meirelles, surpreendeu há dois dias, quando tinha que anunciar o ajuste com
cortes do orçamento, conforme plano do governo, devido às frustrações de
receitas, vacilou ao alegar que há um rombo de R$58,2 bilhões, além do déficit
aprovado pelo Congresso Nacional, de R$139 bilhões. Isto é, haveria um déficit
adicional desse porte, mais 42% de desacertos fiscais. É muito grande o problema.
Um déficit presumido de R$197,2 bilhões. É o reconhecimento de que a gestão
Temer, a despeito de dizer que melhorou, piorou as contas públicas. Não cabe na
cabeça inteligente que ainda é herança de Dilma. Como foram capazes de cometer
tamanho erro de previsão? Pior, ainda, adiou, para o dia 30, como irá consertar
a problemática, dizendo que “há uma boa possibilidade” de aumento de impostos.
Ademais, afirmou que o rombo será substancialmente menor, visto que o governo
está esperando o STF e o STJ prolatar decisões que poderão aumentar o caixa em
R$18 bilhões, oriundas de receitas de venda de uma hidrelétrica. Logo, ficaria
um rombo adicional de R$40,2 bilhões. Muito indeciso, portanto. Isso não
favorece a gestão de Michel Temer.
É quase tudo que o País não quer, vendo elevação de tributos.
A medida irá contra a recuperação. Aumentos de impostos vão à mão contrária nas
atrações de investimentos. Não bastasse isso, a ducha fria continuou. Em menos
de um ano de gestão, a equipe econômica anunciou que, em 2017, a economia
cresceria 1,6%; depois 1%; agora, 0,5%.
É uma no cravo e outra na ferradura. A União recuou de manter
na proposta de reforma previdenciária, a situação dos servidores estaduais e
municipais, ficando somente servidores federais, em reconhecimento da
dificuldade de aprovar o seu projeto. Mostrou-se que não está tão forte, no
assunto específico. Por outro lado, ontem, conseguiu com que a Câmara aprovasse
o projeto que libera a terceirização geral, engavetado na Câmara desde 1998.
Isso é favorável à elevação de investimentos, visto que era esperado pelos
empresários há tempos. Agora, no cravo mesmo foi a trapalhada da operação da
carne fraca, do dia 17, passado, cuja repercussão fez com que 40 países dos 150
compradores da proteína, bloqueassem suas compras. As receitas de exportações
diárias passaram de milhões para milhares. O prejuízo já alcança US$1 bilhão.
Em resumo, trata-se também de mais vacilos do governo Temer,
que poderão custar caro. Momentaneamente, têm-se dois órgãos públicos federais
trabalhando contra a recuperação econômica: a Polícia Federal, fazendo com
estardalhaço a operação carne fraca, que já recuou, além do Ministério da
Fazenda, dizendo que aumentará impostos.
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