08/03/2017 - DEPARTAMENTO DE OPERAÇÕES ESTRUTURADAS
Não é recente o fato de que a empreiteira Odebrecht pagava
propina para fazer as obras públicas. Nos anos de 1970 comentava-se que a
construção do Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, quase quebrou a empresa,
visto que seu contrato não tinha cláusula de reajuste. Em aditamento ao
contrato, comentava-se que se pagou muito caro pela sua inserção. No entanto,
só neste século XXI, que a organização se agigantou. Em dez anos cresceu 10
vezes. Para as práticas de superfaturamento e transferências de recursos criou
o departamento de operações estruturadas.
A Odebrecht fez acordos de delações premiadas com 78 de seus
dirigentes. A presidente do Supremo Tribunal Federal ministra Carmem Lúcia,
aceitou as delações. Mas deixou que corressem em segredo de justiça. Porém, a
cada dia que se passa vão se noticiando o pesado esquema da corrupção. O
ex-diretor do departamento de operações estruturadas da Odebrecht, Hilberto
Mascarenhas, em depoimento ao Supremo Tribunal Eleitoral (STE), que ficou sob
sua responsabilidade a criação de um software pelo qual eram movimentados os
recursos da caixa 2 da empreiteira. Assim, de 2006 a 2014 foram movimentados
US$3,370 bilhões, para pagamento de propina no Brasil e em outros países, além
de bônus de funcionários da empresa. Do referido valor, 20% eram movimentados
no País. Em 2014 o departamento movimentou US$450 milhões. Naquele ano, em
março surgiram as investigações da operação Lava Jato, no seu terceiro ano. Os
repasses de recursos tinham nomes dos beneficiários e senhas. Citado diretor
afirmou que doou R$16 milhões para a mulher de João Santana, marqueteiro da
ex-presidente Dilma.
Outro delator que prestou depoimento foi Cláudio Mello Filho,
que declarou que a Odebrecht comprava medidas provisórias, tendo doado R$60
milhões a várias pessoas no Congresso. Ele confirmou ter participado de jantar
no Palácio do Jaburu, em Brasília, com Marcelo Odebrecht, Michel Temer e Eliseu
Padilha, quando se definiram valores. Dessa forma, a chapa Dilma-Temer será
julgada no TSE, assim que o relatório do ministro Herman Benjamin for
concluído.
O fato é que se espera que os contratos futuros da
empreiteira não venham com vícios de origem, trazendo a cláusula de compliance,
que o seguro para conclusão da obra, no prazo e valores estipulados.
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