25/01/2017 - PLANO ECONÔMICO AUSENTE
Desde 1979, quando o presidente militar João Figueiredo
abandonou o III PND, dizendo que iria lançar “pacotes” econômicos, para seguir
as orientações do FMI, que o Brasil abandonou o planejamento global de longo
prazo, feito com oito planos de desenvolvimento. Há dez anos, no dia
25-01-2007, o artigo se denominava “Desenvolvimento light”. Lembrava-se que o
ex-presidente Lula, em campanha até 2002, referia-se ao resgate do planejamento
global, mas que no seu primeiro mandato (2003-2006) foi neoliberal, mais
ortodoxo do que FHC. Porém, no seu segundo mandato (2007-2010) iria ser
heterodoxo “light”, mediante lançamento do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC 1), em 21-01-2007. O PAC foi um programa de infraestrutura, elevando
o crescimento econômico para incremento médio anual de 4,65%. A direção foi
correta. Porém, Lula não fez as reformas econômicas, como FHC também não fez,
para o País ter crescimento autossustentável, aprofundando a intervenção do
Estado, criando mais órgãos estatais. A ex-presidente Dilma, ao continuar com o
PAC 2, aprofundou a intervenção do Estado e, em 2014, realizou o primeiro
déficit primário, depois de 18 anos de superávit. Foi afastada por desobedecer
à lei de responsabilidade fiscal. Embora anunciado o PAC 3, por ela, o
presidente Michel Temer ainda não o retomou, conforme prometeu reformulá-lo.
Por isso mesmo as estimativas são de fraco crescimento no seu mandato
complementar.
Na sua coluna quinzenal de hoje, na Folha, chamado de
“Previsões”, Antônio Delfim Netto, elogia a equipe econômica do Banco Itaú,
quando “sugere que o PIB, em 2017, teria condições objetivas de crescer 1,5%:
0,6% pela variação da demanda externa e 0,9% pela regularização de estoques
(uma variável frequentemente esquecida). Se, concretizada, Mesquita (chefe da
equipe) vê a possibilidade de um crescimento de 4% em 2018... previsões
‘médias’ de ‘mercado’, que andam as voltas de 0,2% para 2017 e 1,5% para
2018... revelam, em geral, uma reação psicológica idiossincrática”.
Por sua vez, ao comemorar hoje 463 anos de aniversário da
cidade de São Paulo, Oded Grajew, fez o artigo “Plano de metas contra a
desigualdade”, iniciando: “Por força de um dispositivo da Lei Orgânica do
Município, João Dória (PSDB), o novo prefeito de São Paulo, terá que apresentar
um plano de metas para os quatro anos de sua gestão”. Ora, é o reconhecimento
de que se deve ter um plano de crescimento. Sem dúvida, “Plano de Metas”, de
JK, nome do melhor plano já executado, conhecido como nacional-desenvolvimentista,
levou o País a crescer em média 8,3% ao ano. A história não se repete. Mas, um
plano global de desenvolvimento faz muita falta. E, na sua ausência, faltam
pelo menos reformas macroeconômicas, coisas que muito poucas têm sido citadas
por Michel Temer e daí as suas estimativas serem pífias.
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