01/01/2017 - EDUCAÇÃO CONTINUA COMO MAIOR MITO




O primeiro artigo desta coluna, há dez anos, intitulava-se “Educação – anos de estudo”. Começava comentando o teste mundial, chamado de PISA (Programa de Avaliação Internacional de Estudantes), que avaliou, em 2006, 57 países, ficando o Brasil em 53º lugar. O exame do PISA é feito de três em três anos, pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), baseada na Europa, com estudantes de 15 para 16 anos, em países escolhidos, nas provas de matemática, literatura e ciências.
No último teste PISA, em 2015, foram avaliados 70 países, o Brasil ficou em 65º lugar. Foram feitas provas com 33.000 estudantes brasileiros. Segundo artigo, na Folha, de Hélio Schwartsman, intitulado “Fracasso nacional” do dia 08-12-2016, se a nota brasileira no PISA crescesse 1,5% no triênio se teria 60 anos para alcançar a média da OCDE, sem que eles elevassem o desempenho. O fato é que o País permanece estagnado se comparado com países escolhidos pelo mundo, conforme reconhecem técnicos do MEC. Não havia ainda o IDEB, nem o ENADE. As notas médias do último IDEB, conforme artigo neste espaço, de 10-09-2016, sobre avaliação do IDEB de 2015, para o Ensino Fundamental I, a média alcançou 5,5. Para o Fundamental II, 4,5. Para o Ensino Médio, 3,7. O gargalo neste foi identificado, atrapalhando a produtividade. Para a UNICEF, o ensino médio é o maior desafio do País. Segundo o PNAD, metade dos jovens entre 15 e 17 anos não está matriculada no ensino médio. Alegam que o currículo é longo e inadequado à vida. Caso mude, a maioria gostaria de voltar a estudar. Quanto ao ENADE, que é avaliação de alguns cursos de nível superior, do primeiro ano e do último ano, a média tem sido ruim, de 3,7. Não há uma avaliação global. Somente a OAB faz exame da ordem. Cerca de 80% dos graduandos em direito perdem todo ano o teste, o que mostra o quanto é deficiente o ensino superior da espécie, em média geral. Justamente neste nível de ensino era que se investia 127% do PIB, em 2006, contra 18% no ensino fundamental, da 1ª a 6ª série. Embora não se tenha os dados disponíveis de hoje, o quadro de investimento nos níveis de ensino superior para o fundamental é abismal. Quando deveria ser o contrário. Para o assunto tanto se bateram Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro.

O site Portal Brasil 10, em avaliação de 19-10-2016, concluiu que os analfabetos funcionais brasileiros são 28% da população total. A UNESCO calcula que o analfabetismo puro é maior do que 8%. Assim, 36% dos brasileiros não têm condições de elevar a produtividade brasileira, por si sós. Como a população economicamente ativa está por volta de 60% da população, somente 24% poderiam contribuir para maior crescimento, o que é muito pouco. No triênio de 2014-2016, a produtividade brasileira ficou estagnada em 2014, cerca de 0,1% do PIB; seguiu a recessão, representada por – 3,8% do PIB em 2015; prossegue, sendo esperada – 3,5% do PIB para 2016. Procurando a equipe econômica a saída política mais provável, visto que um projeto de reforma no Congresso dificilmente passaria, ela optou pela MP de reforma do ensino médio, já aprovada na Câmara, elevando a carga diária de 4 para 7 horas de estudos. Trata-se de adotar o mesmo modelo da Finlândia que, para atrair o aluno, ele terá o direito de escolher parte das disciplinas. Dessa maneira, espera-se que, atuando nesse gargalo, o PIB volte a crescer de forma mais consistente. Mas, a educação em geral ainda vai continuar precisando de uma reforma no ensino básico, desdobrando-se para o ensino em geral.

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