30/07/2016 - TRANSPOSIÇÃO DO SÃO FRANCISCO




O único grande rio nacional, de dimensões continentais é o São Francisco. Nasce em Minas Gerais, percorre grande extensão do Estado da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Nele estão quatro enormes barragens e instaladas as usinas hidrelétricas denominadas por Paulo Afonso I, II, III e IV. Desemboca no mar, ente Alagoas e Sergipe. Pela grande quantidade de água vertida no oceano e por existir mais cinco Estados nordestinos em que ele não passa, o sonho acalentado destes seria a transposição das suas águas, mediante amplos canais, visando amainar os enormes efeitos das secas que acontecem desde a etapa colonial, sendo o que se sabe. Os governos de Lula gestaram tal projeto e deram seu início, prometendo entregar as obras prontas em 2010. Nunca ocorreu. Sequer entregaram uma só etapa. Há áreas até que regrediram. Mas, de prorrogação em prorrogação, a última é para 2017, foram previstos R$4,5 bilhões de investimentos, na década passada, sendo gastos até o momento o dobro deste valor. Nas regiões em que passa o conhecido rio, existe o assoreamento muito forte e falta de água em grande parte do seu corredor. Assim, como transpor o que está faltando? Será que um dia pelo menos um teste será realizado, perante água correndo pelos seus canais? Quais as implicações se faltar água do Rio em outros lugares e há áreas em que ele escasseia bastante? Como será afetada a biodiversidade? As perguntas permanecem indefinidas.

O governo interino de Michel Temer tem-se mostrado gastador por excelência, visto que projetou um déficit de R$170,5 bilhões para este ano, já aprovado, além de prever para 2017 outro déficit cavalar, quando deveria estar perseguindo superávit primário, ainda que nos próximos anos. Parece que sua estratégia é gastar para manter a base aliada atendendo as emendas parlamentares, ambiguamente, quando promete um teto das despesas públicas, cujo anteprojeto está no Congresso, mas somente sendo previsto para ser votado em outubro, devido aos trabalhos da sua análise e de discussão política. Por seu turno, anunciou um programa de R$10 bilhões chamado de Novo Chico (no momento passa uma novela chamada de Velho Chico onde são mostradas as suas mazelas)  de revitalização do referido rio. Ora, se o Velho Chico está doente, como transpor as suas águas?

Filmes mostrados na TV mostram margens destruídas, áreas extensas das margens secas, minguantes volumes de águas, reduzido número de peixes e pescadores, que até as capivaras e preás, que se protegem do sol nordestino sabem que o rio São Francisco está agonizando. Como é que o governo federal continua investindo na irracionalidade da transposição, se deveria fazer muito antes, ou abandoná-la, em prol da revitalidade?

 

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