25/07/2016 - TEMER DA PAZ E DA GUERRA
“Construindo nossa paz” é o título do artigo escrito para a
Folha, publicado ontem, pelo presidente interino, Michel Temer, que inicia o
texto, citando o Papa Paulo VI, um pontífice longevo e conservador. Já, no
jornal O Globo, a coluna diária de Miriam Leitão é intitulada “Governo
ambíguo”. A citação de Paulo VI é de 1967, ao encerrar a encíclica Populorium
Progressio: “Se o desenvolvimento é o novo nome da paz, quem não deseja
trabalhar com ele com todas as forças?”. Inicialmente, o artigo coloca que “a
primeira condição para alcançar a cidadania é o emprego”. Em seguida, fala
claramente em “resgatar as bases da economia”. Entende-se aí, de resgatar o
tripé, iniciado em 1999, de meta de inflação, câmbio flutuante e superávit
fiscal, que obteve êxito no segundo FHC e na era Lula, quando a economia ficou estabilizada.
Inflação no sistema de meta, câmbio valorizado e superávit primário. No governo
Dilma, o tripé foi detonado e o País se encontra em forte recessão. Ademais,
refere-se que suas ações serão no sentido de limitar gastos públicos, renegociar
dívidas dos Estados, mas com a mesma condição de conter despesas pela inflação.
Manter o Estado na regulação e a iniciativa privada na produção (leia-se:
concessões e privatizações). Resgatar a confiança dos agentes econômicos.
Garantir os programas sociais, tais como o Programa Bolsa Família, ampliar o
FIES, priorizar para as famílias com filhos com microcefalia o Programa Minha
Casa, Minha Vida. E, por fim, afirma que as instituições estão funcionando
normalmente e que acatará as decisões da votação do impeachment no Senado. Quer
dizer, entenda-se que mesmo voltando a ser vice-presidente, não renunciará.
Miriam Leitão afirma que o governo interino tem sido ambíguo, pelo fato de que
se refere a completar o ajuste fiscal, ao mesmo tempo em que está gastando até
as reservas contingenciais, mas previstas no déficit fiscal deste ano, além de
aprovar gastos de elevação do salário mínimo para os servidores públicos,
justamente aqueles que têm altos salários, vis-à-vis, ao desemprego aberto
crescente, já em 14 milhões. Sem dúvida, a ambiguidade de Temer é para
preservar a base de sustentação do seu governo, visto que até agora não enviou
as reformas estruturais que tem deixado nas entrelinhas se antever.
O que existe hoje é uma trégua, pela espera do impeachment. Mas,
a cada momento o governo sugere que fará reformas, tais como: a da Previdência,
surgindo agora à ideia de regime único entre aposentados do setor público e do setor
privado, além da fixação da idade mínima; a da Saúde, com a previdência
complementar privada ao SUS, sendo uma vertente mais barata do que a atual; a tributária,
simplificando, mas ampliando tributos; a trabalhista, negociação coletiva,
terceirização, alterações na CLT, estão em pauta e as centrais sindicais estão
aguardando para se pronunciar; das concessões e das privatizações, onde já tem
vários projetos para serem implementados, inclusive, aquele de desobrigar a
Petrobras a investir 30% na exploração da camada do pré-sal. Enfim, ter-se-á
Temer da paz e da guerra.
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