16/07/2016 - DESCENDO A LADEIRA MENOS ÍNGRIME




A música de Moraes Moreira, dos Novos Baianos, é mais ou menos assim: “Lá vai o Brasil descendo a ladeira”. Final dos anos de 1970 é o que se confirma. Atualmente, não se pode ainda afirmar que a economia brasileira chegou ao fundo do poço. Mas, que a economia está na área depressiva da curva de crescimento, que se comporta como uma curva senóide, dependendo da variação de forma, não se tem dúvida matemática. O professor Gentil da UFBA se dedica ao estudo de crise capitalista, quanto à economia matemática. Não há dúvida do ciclo, de forma redundante.

 O indicador mensal de atividade do Banco Central, que é uma prévia do comportamento do PIB, sendo agora o divulgado, relativo a maio, surpreendeu o mercado, – 0,51%, quando era esperado – 0,24%. O PIB do segundo trimestre será negativo. A prévia do PIB de 12 meses é de – 5,43%. Menor do que a do mês anterior, mas elevada demais. Provavelmente, os analistas do futuro vão afirmar que o segundo ano consecutivo de queda do PIB, o pior recuo na história, antes somente fora tão ruim na época da Grande Depressão, quando recuou – 2% em 1931 e – 3% em 1932, confirmando-se uma depressão. O sentimento muito ruim é percebido por todos, que anseiam que pare. Muitos analistas veem indícios de recuperação, na indústria e no investimento. Mês de maio não foi bom para certos segmentos econômicos, entre sinais ora positivos, ora negativos. Porém a ladeira já foi mais íngreme. Muitos analistas acreditam que o fundo poço está mais próximo e a recessão perto do fim.

A Folha de ontem consultou o economista chefe do Banco Santander, Sr. Molan, que afirmou: “A confiança apareceu primeiro nos indicadores financeiros. A bolsa acumula alta de quase 30% neste ano, o risco país cedeu de um patamar próximo de 500, em janeiro, para 292 pontos, a taxa de juros de longo prazo (com vencimento em 2021) caiu de 16,5% para 12,5% ao ano. O padrão histórico mostra que leva de três a seis meses para a confiança de o mercado chegar ao empresário e à economia real. Isso indica que a economia tende a se estabilizar no segundo semestre e possivelmente volte ao terreno positivo no terceiro trimestre.” A conversa é de grandes capitalistas.

No programa de Miriam Leitão, na GloboNews, a secretária do Tesouro, Ana Paula Vescovi, afirmou: “Nosso horizonte é reequilibrar as contas em 2019. Trabalhamos para ter lá o déficit zero. Cada ano o déficit será decrescente. A PEC do teto dos gastos não é o único instrumento, mas a partir dela vamos ter mais capacidade de decisão sobre as despesas e fazer as escolhas”. O ditado popular diz: “me engane que eu gosto”. Trata-se, no ver deste escriba, de um “mis-en-cene”, para não gerar expectativas melhores, ganhar o presidente interino o lugar do efetivo e anunciar o triunfo de ter vencido a crise.

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