14/07/2016 - PARLAMENTARISMO DE OCASIÃO
Ao assumir o poder, o PT e Lula alteraram
quase que totalmente o seu discurso, prometendo respeitar contratos e executar
uma política econômica ortodoxa, no que deu certo, tendo a economia crescido na
era Lula (2003-2010) 4% em média anual. Na época, Henrique Meirelles era
presidente do Banco Central e agora é Ministro da Fazenda. A presidente Dilma
tem acenado que o manterá, visando o seu retorno. Voltando a 2009, a recessão
mundial que aconteceu, tenuemente, no Brasil, ocorreu pelo fato de Lula ter
expandido o crédito barato para o consumo e para a construção civil, em defesa
da economia doméstica, além de subsidiar certos segmentos empresariais, saindo ele
do governo com 83% de popularidade. Em seguida, Lula foi o principal eleitor de
Dilma para presidente, assinalando que voltaria, já que não poderia haver mais
de uma reeleição. Porém, Dilma fez um governo com suas próprias ideias e
acordos de seus aliados e ainda se candidatou à reeleição. Exacerbou na
concessão de subsídios por muito tempo e ainda elegeu empresas privilegiadas.
Dividiu no seio dos capitalistas, o que Lula não fez. Errou. Dirigiu veladamente o Banco Central, reduzindo
abruptamente os juros médios da SELIC, de 11,25%, para 7,25%, em um ano, sem
observar as sinalizações de mercado, o que Lula não fez. Errou. Voltou a
elevá-la e a SELIC subiu até bem pouco tempo, estabilizando-se em 14,25%.
Baixou a conta de energia elétrica em 20%, em 2013, mas teve de voltar atrás,
elevando a conta de luz em 50% em 2015. O que Lula não fez. Congelou os preços
dos combustíveis e depois teve de corrigi-los no mesmo período da energia
elétrica. Errou de novo. A inflação subiu muito e bateu em 10,7% em 2015. O que
Lula não fez. Como consequência desses e demais erros, fechando 2014 com déficit
primário, depois de 18 anos. Lula pirou. Então o Tribunal de Contas da União descobriu
que ela realizou “pedaladas” fiscais, fechando buracos, que somente foram descobertos
depois de ganhar a reeleição de 2014, descumprindo a lei de responsabilidade
fiscal. Por fim, incompatibilizou-se com os políticos, perdendo a base aliada e
foi afastada. A propósito, ontem, o presidente Lula, em visita de três dias no
Nordeste, durante reunião com a Federação dos Trabalhadores da Agricultura de
Pernambuco, em Carpina, zona da mata, declarou que a política de desoneração
fiscal de Dilma foi equivocada. Mas, foi ele quem começou e ela intensificou.
Agora, o que Lula fez e Dilma não fez foi o “mensalão”, o “petrolão”, mas
aceitou. Ambos também aceitaram os escândalos do BNDES, do CARF, do setor
elétrico e do setor nuclear, ainda a estourar.
Assumiu o governo interino Michel
Temer, de 75 anos, experiente político. Ele montou um parlamentarismo de
ocasião. Começou do começo. Montou um esquema que não quer desagradar à base
política que tirou Dilma e que espera possa afastá-la, definitivamente, em
agosto próximo. Depois, ele fará o suporte político de medidas corretivas.
Escolheu equipe econômica tecnicamente preparada, experiente e bem sucedida.
Aguarda que seja aprovado seu anteprojeto de gastos públicos limitado à
inflação passada, para reduzir despesas. Depois se assumir, definitivamente,
pelo resto do mandato de cerca de 2,5 anos, poderá complementar com medidas
reformistas de concessões, venda de ativos, aposentadorias, desvinculações, desindexação do salário
mínimo, maior liberdade de negociação trabalhista e melhoria do ambiente geral
dos negócios. Impactando de vez, poderá rever as metas de déficits fiscais do
biênio atual, para alcançar superávit primário no final de 2017.
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