07/07/2016 - GASTANÇA SEM FREIOS PODERÁ PARAR
A presidência da República
interina tem na sua equipe econômica declarações consistentes tal como uma
queda estrutural nos gastos públicos, desde o dia 11 de maio. Referida queda se
daria com emenda constitucional cujo anteprojeto se encontra no Congresso,
prevendo que as despesas somente se elevem de acordo com a inflação do ano
anterior. A Câmara está acéfala há vários meses devido ao afastamento de
Eduardo Cunha (PMDB), cujo substituto, Waldir Maranhão (PMDB), do baixo clero,
nada preside. Os anteprojetos que têm sido aprovados estavam no Senado.
Entretanto, eles são de uma gastança sem freios. Assim, transformado em projeto
de lei está o explosivo reajuste do funcionalismo, corrigindo falhas de
aumentos desde 2012, à espera de sanção presidencial. Depois, o Supremo
Tribunal Federal concedeu liminares a vários Estados para pagarem juros simples
em seus empréstimos, numa regressão à Idade Média com respeito ao tratamento de
juros. A União aumentou mais ainda seu problema, mediante queda de receitas
previstas, visto que concedeu carência de seis meses para pagamento de dívidas
dos Estados, projetando reescalonamento das dívidas para os próximos anos,
cobrando em contrapartida que os Estados fixem seus gastos conforme proposta da
União. Ademais, enviou anteprojeto ao Congresso para concordar com a carência
de seis meses e parcelamento de dívidas para os Estados em vinte anos, o qual não
aprovou urgência para ser votado. Em linha de gastanças, a Confederação de
Municípios Brasileiros, que reúne 5.565 municípios, pleiteando o mesmo
tratamento dado aos Estados, além de que a União conclua as obras em curso
neles de mais de R$42 bilhões.
Há quase dois meses, o governo
interino de Michel Temer, conseguiu do Congresso a aprovação de um cavalar
déficit primário de R$170,5 bilhões para este ano. A meta fiscal de 2017 está
sendo cogitada a muito perto da atual, em R$160 bilhões. Tem até o final de
agosto para constar do orçamento público do ano vindouro.
A deterioração nesta década das
contas públicas é de transitar de superávit primário de R$78,7 bilhões em 2010;
de R$93,5 bilhões em 2011; de R$86 bilhões em 2012; de R$75,2 bilhões em 2013;
para déficit primário de R$20,5 bilhões em 2014; de R$116,6 bilhões em 2015; de
R$170,5 em 2016 (estimado e aprovado); de R$160 bilhões para 2017 (previsto).
Para 2018 e 2019 são duas incógnitas. Mas, muito provavelmente, a relação
dívida pública/PIB se elevará na década atual de 56% para cerca de 80% do PIB.
Sem dúvida, números tão ruins
estimados para 2016-2017, servem para desgastar mais ainda o governo da
presidente Dilma. Parece que é uma pirotecnia para que ela não volte. Já há
quem admita que, se isso ocorrer, os números poderão ser mudados para menor
déficit neste ano e déficit zero ou pequeno superávit em 2017. A gastança sem freios
poderá parar.
Comentários
Postar um comentário