29/07/2016 - RÉCORDES NAS TAXAS DE JUROS



No modelo macroeconômico da economia doméstica, onde PIB = C + I + G, em economia fechada, a taxa de juros (i) é exógena, assim como a propensão marginal a consumir (dCo), os investimentos privados (I) e os gastos do governo (G), que também são exógenos. C = consumo das famílias e PIB = produto interno bruto. A situação de equilíbrio é de que a renda interna bruta (RIB) seja igual ao PIB. Logo, as variáveis endógenas são RIB, PIB e C.

A variável (i) é exógena porque é praticada livremente no mercado financeiro. O governo atua nas taxas relativas à sua dívida pública. No Brasil, as taxas de juros batem recordes em mais de uma década. Por que as taxas de juros são elevadas ou se elevaram tanto nos últimos três anos? Ora, se o próprio governo paga 14,25% anuais por seus títulos prefixados, conforme taxa SELIC, visto que os juros se elevaram também em três anos, de 7,25% para 14,25% referidos, os bancos também elevaram os seus juros. Porém, numa proporção bem maior, dado que eles recolhem depósitos compulsórios ao Banco Central, sendo meios de pagamento (M1, M2, M3, M4; curtíssimo, curto, médio, longo prazo). Assim, de acordo com estatísticas do BC, a taxa de juros cobrada no crédito do rotativo do cartão de crédito ficou em junho em 470,9% é a maior de todas as médias praticadas pelo sistema financeiro oficial. O rotativo é o crédito tomado pelo consumidor, quando paga parte da fatura do referido cartão. A taxa do cheque especial chegou a 315,7% anuais. O cheque especial é aquele automaticamente tomado pela emissão de cheques sem provisão de fundos, para cobri-los. É a maior taxa histórica do BC, iniciada em julho de 1994, logo após o Plano Real. A taxa de crédito pessoal foi para 128,3% ao ano. A taxa média dos juros cobrada para pessoas jurídicas ficou estável em 30,3% ao ano. A taxa de crédito do consignado em folha de pagamento foi para 29,4% anuais. São muito disparatadas tais taxas. Quem as toma, de forma tão alta, tal como as do cartão de crédito, é porque não tem educação financeira, sendo comum no Brasil, País que tem muitos milhões de deseducados.

Observando o modelo acima se tem o disparate de nos países desenvolvidos a taxa de juros serem ora negativas, passando por 0,5%, até 1% dos títulos públicos. São bem baixas, tendo em vista que os países ricos costumam crescer na faixa de 1% a 2%, ou a uma taxa até 3%, devido à grande máquina empresarial lá existente, que se move de forma a adequar-se ao crescimento das necessidades das populações ricas.

No atual momento, na qual a inflação é alta, o desemprego em ascensão, o PIB recessivo e a queda do poder de compra levaram as famílias a consumirem menos. O grau de endividamento das famílias caiu para 57,7% do total, sendo o menor percentual desde janeiro de 2015, segundo a Confederação Nacional do Comércio, que fora de 57,5%. O indicativo é claro. Refere-se a que o ritmo recessivo está diminuindo. Outras variáveis ajudariam a saber se está ou não no fundo do poço.

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