27/06/2016 - DESONERAÇÕES SELETIVAS E VERGONHOSAS
No livro “Guia politicamente
incorreto da Economia Brasileira/Leandro Narloch. – São Paulo: Leya, 2015”, um
dos mais vendidos, esperando-se que a equipe econômica o tenha lido, numa série
de “guias politicamente incorretos”, de presidentes na América Latina, de
presidentes brasileiros, no capítulo sobre “as quatro causas da desigualdade
brasileira”, a quarta causa, refere-se a que “o Brasil é desigual porque o
Estado esculhamba o País”, citando na p. 74: “No livro ‘O preço da
desigualdade’ Stiglitz (Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia 2001) dedica
todo um capítulo sobre ações do governo que deixam os pobres mais pobres e os
ricos mais ricos. Seu principal alvo é o rent-seeking, a arte de conseguir
benefícios e privilégios não pelo mercado, mas pela política. ‘O rent-seeking tem várias formas:
transferências ocultas ou abertas de subsídios do governo, leis que tornam o
mercado menos competitivo, leniência com as leis de proteção da competição e
regras que permitem às corporações tirar vantagem de outros ou transferir
custos para a sociedade’ (há mais sobre isso no capítulo ‘Em defesa dos
inimigos imaginários’)”.
Divulgado por Roberta Scrivano, da Agência O Globo, São
Paulo, de ontem: “Na mira do governo entre as ações para resgatar o equilíbrio
das contas públicas, as chamadas desonerações ainda contam com mais de 30
programas de alívio tributário em vigor. Na lista, além de conhecida redução do
IPI para máquinas e tanquinhos de lavar roupas, constam benefícios inusitados
como a redução de IPI sobre concentrado para elaboração de refrigerantes e até
uma redução a zero desse mesmo imposto para néctar de fruta, benefícios
concedidos em 2012. As chamadas ‘bebidas frias’, aliás, são contempladas com a
renúncia de tributos em vários outros itens, como a redução de aumentos
previstos de IPI, PIS e COFINS para água mineral”. Ela ainda cita Marcos
Lisboa, presidente da escola de negócios INSPER: “Assistimos nos últimos seis
anos a um governo extremamente sensível a grupos de interesse”, ele que já foi
Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, que sabe de muitas
coisas. Enfim, a autora se refere a uma série de distorções que podem ser
observadas na Receita Federal. A propósito, a Constituição de 1988, que
suprimiu os Decretos-Lei os fez mudar de nome para Medida Provisória. Nelas se
encontram uma série infindável de fraudes de tributos, conforme a operação
Zelotes da Polícia Federal está identificando, que ocorriam no Conselho de
Administração de Recursos Fazendários (CARF), sendo o último mostrando que o
senador Romero Jucá, recentemente destituído do Ministério do Planejamento, por
denúncias de várias falcatruas, tendo alterado a MP 627 de 2013, para favorecer
o Grupo Gerdau, envolvendo ainda outros deputados. No CARF ainda se identificou
até o Bradesco envolvido em tráfico de influências.
Assim, no Brasil de hoje, o muito que vem a público demonstra
como o investimento privado do grande capital se retraiu, visto que nos últimos
seis anos, pelo menos, foram escolhidos os grandes grupos “campeões nacionais”
para benesses. Desse modo, eles preferiram especular na dívida pública, que
paga 14,25% de juros do que a produzir, dentro de um sistema de desonerações seletivas
e vergonhosas.
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