09/06/2016 - PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL



Sabatinado pelo Senado, aprovado por 56 votos, 13 contra, 01 se absteve, 10 faltaram e o presidente do Senado só vota em caso de desempate, que não foi o caso. Pelo visto, 81% dos votantes e 70% do total dos senadores reconhecem que Ilan Goldfajn possui amplas condições para fazer uma boa gestão na presidência do Banco Central (BC). Afinal, ele já foi diretor do Banco Central e estava no posto de economista-chefe do Banco Itaú, o maior banco privado brasileiro. Naquele cargo, ele fazia projeções sobre indicadores econômicos e sempre se pronunciava sobre o tripé da economia, composto de meta de inflação, câmbio flutuante e superávit fiscal, desajustado no governo Dilma, o que causou o seu afastamento da presidência da República. Em 2015, a inflação ultrapassou 10%, o câmbio flutuante subiu 50% e houve o segundo déficit primário consecutivo, de R$35 bilhões e R$112 bilhões. O próprio economista, quando no Itaú projetou inflação deste ano de 7% e para 2017 poderá alcançar a meta de 4,5%. Centro da meta este que não é alcançado desde 2009. Na sua sabatina revelou seu compromisso com a inflação no centro da meta e no ajuste fiscal, declarando: “Estou certo que esse objetivo poderá ser conquistado por meio do funcionamento harmônico e complementar das instituições brasileiras. É amplamente registrada na literatura econômica a importância do fortalecimento das instituições para o crescimento econômico sustentável”. Indagado porque deixaria o setor privado pelo público, referiu-se ao fato de que teria de dar sua contribuição, visto que estudou em universidade pública (sic). Quanto a de que seria banqueiro, citou que era economista-chefe do Banco Itaú, responsável pelo setor de análise e estudos, atividade desligada do trabalho de administração de recursos, aplicações financeiras e operações bancárias. O fato é que ele entende do ramo.

Geralmente, fala-se no papel do BC, em sua síntese, de combate à inflação e controle cambial. Na verdade, o papel do BC é o de ser o banco dos bancos, o xerife do mercado financeiro. Cabe ao BC manter a base monetária. Isto é, a quantidade de dinheiro que deve existir para manter o circuito econômico, composto de produção, circulação, consumo e distribuição de renda, além de manter os meios de pagamento conforme suas conformidades. O eixo chamado M1 é a quantidade de moeda de curtíssimo prazo; o eixo M2 é a moeda de curto prazo; o eixo M3 é a moeda no médio prazo; o eixo M4 é a moeda no longo prazo.

O presidente do Banco Central tem voto de Minerva nas votações, sendo o executivo que decide sobre o mundo financeiro, em especial, conduzindo as reuniões do Comitê de Política Monetária (COPOM), quando se decide sobre a taxa básica de juros da economia, a cada 45 dias. Em tese, deveria ter autonomia, o que não é claro nas leis do setor. O atual Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que foi presidente do BC nos oito anos de Lula e teve autonomia. Deu tanto certo, que agora é o principal ministro. Já o Alexandre Tombini, sofreu influência velada da presidente Dilma, tendo provocado distorções na taxa SELIC, visto que não seguiu o mercado, desde 2012, quando a SELIC ficou acima da meta de inflação. Ontem, pela sétima vez consecutiva, o BC manteve a taxa SELIC em 14,25%. Em outro ambiente, o citado Meirelles declarou que a taxa de recessão deste ano poderá ser a maior da história, maior até do que os 4,3% de 1990. Isto porque a inflação recrudesceu em maio, para 0,78%, como nunca havia acontecido há vários anos, principalmente por força de reajuste de preços administrados de água e de alimentos. A Bolsa de Valores de São Paulo ficou ontem em euforia, mas por razão da recuperação chinesa e não somente pela escolha do novo presidente do BC. Vive-se, portanto, o fio da navalha, em que os agentes querem melhorar, mas as respostas ainda são lentas, haja vista que a popularidade do presidente interino, Michel Temer, é um pouco melhor do que a da presidente Dilma (10%), estando em 11%. Um mês já está passando.

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