24/06/2016 - CAPITAL POLÍTICO EM AGENDA DE 15 DIAS
O presidente interino, Michel Temer, compôs um Comitê
Econômico, composto pelo Ministro da Fazenda, do Planejamento, das Relações
Exteriores, da Agricultura, das Comunicações, dos Transportes, das Minas e
Energia, a quem encomendou em 15 dias uma agenda positiva, visando manter o seu
capital político para a votação do impeachment no Senado, visto que ele tem
pouco tempo, menos de dois meses, já que a comissão daquela Casa quer realizar
o escrutínio na metade do tempo. Isto é, na situação dele há pressa, para que
não aconteça o desgaste político que comprometa a votação, enquanto a oposição não
tem pressa (PT e PC do B), acreditando vencer o escrutínio. A população está
quieta, mas, na medida em que saiam as estatísticas de pequeno avanço ou de
continuidade do grande desemprego, inflação alta e ausência de recuperação, as
manifestações de rua poderão explodir pelo País.
Já estão latentes fatos, tais como os revelados pelo IBGE,
que, de abril de 2015 a abril de agora, desapareceram 312 mil empregadores do
País, ou, de que cerca de um milhão de famílias passaram de classes médias para
as mais pobres, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa, no
período em referência. Conforme citado aqui, no dia 20, o professor Rodolfo
Hofmann da USP, analisando as Pesquisas por Amostra de Domicílio Contínua do
IBGE, deu-se no período recessivo atual forte elevação da pobreza, devido à
escalada do desemprego, que passou de 4,3%, em dezembro de 2014, para 11,2%, em
abril deste ano. Já, em sentido contrário, tem crescido a renda dos 10% mais
ricos, no período de sua análise.
As medidas positivas anunciadas são as de (1) realização de
leilões de 13 novas concessões, (2) de fixação de tetos para os gastos
públicos, conforme a inflação passada, (3) de reforma na Previdência, (4) de
alguma mexida nas leis trabalhistas, (5) de retirada da obrigatoriedade da Petrobras
de investir 30% nos campos do pré-sal, (6) da fixação da meta fiscal
(aprovada). Acrescentaram-se mais as cogitações (7) de redução de algumas
restrições do capital estrangeiro de comprarem terras, para atrair novas
inversões, (8) da profissionalização das gestões das agências reguladoras, (9) da
ampliação do crédito privado, (10) de acabar com a isenção ao agronegócio na
contribuição previdenciária sobre receitas de exportações.
Em resumo, Michel Temer tem pouco tempo, mas ainda conta com
crédito para realizar as mudanças esperadas.
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