17/06/2016 - PLANEJAMENTO RECONHECE ERRO DE R$15 BILHÕES E FAZENDA QUER TETOS
O Ministério do Planejamento
cuida da execução orçamentária. Por isso mesmo, ele faz os cálculos dos gastos
com os servidores. A Câmara de Deputados aprovou a poucos dias, restando ser
aprovado pelo Senado, para ir à sanção presidencial, um reajuste médio do
funcionalismo federal, para muitas categorias, mediante correções de perdas
acumuladas; para outras, havendo até ganho real, cujos cálculos, do conjunto,
tendo-se um custo acumulado de R$52,9 bilhões, até 2018. Houve uma grita total,
quando a maioria dos cidadãos reconhece que é preciso reduzir os gastos
públicos, no momento em que a sociedade faz sacrifício pela recessão acumulada,
próxima de três anos consecutivos, no qual, também, o governo reconheceu
déficit primário de R$35 bilhões em 2014, de R$112 bilhões em 2015, de R$170,5
bilhões, previsto para 2016. Os prejuízos da recessão estão sendo pagos por
quase todos brasileiros, sendo pior, para mais de 11 milhões de desempregados,
de forma aberta, assim como para mais de 30 milhões em desemprego disfarçado ou
subempregados. Ocorre que o Ministério do Planejamento reconheceu que fez um
cálculo subestimado do referido custo em cerca de R$15 bilhões. Ou seja, um
erro de 28%. Como é de conhecimento geral, a imensa máquina pública é
burocrática, ineficiente e muito desorganizada, necessitando de uma
reengenharia, para lhe prouver de eficiência. Não sem motivo, a primeira coisa
que fez o governo interino de Michel Temer foi a de reduzir, fundir e procurar
melhores resultados dos ministérios e estabelecer tetos para os gastos
públicos.
O Ministério da Fazenda é quem
realmente cuida do planejamento. Está propondo o fim do aumento gradual de
recursos “carimbados” na Constituição, sendo os mais conhecidos para a Saúde e
a Educação. O que está previsto em lei é que os gastos na área de Saúde se
elevem de 13,2% para 15% da receita corrente líquida do governo federal, nos
próximos cinco anos. Sem dúvida, provavelmente quase todos os gastos governamentais
sofrerão limite de tetos. Alguns técnicos queriam reduzir o tamanho do governo
em 30%. Porém, em acordo de ontem entre a presidência da República e os
partidos políticos, ficou inicialmente acertado que os tetos serão corrigidos
pela inflação do ano anterior e não mais pela receita corrente de todos os
governos, como acontece com Saúde e Educação, seja para a União, para os
Estados ou os Municípios. A medida poderá vir por Proposta de Emenda Constitucional
(PEC), que exige dois terços dos congressistas, a vigorar a partir de 2017,
podendo a PEC ser revista após nove anos. O poder que desobedecer a PEC não
poderá elevar salários, criar cargos e fazer concursos. Em resumo, se os gastos
subirem conforme a inflação do ano anterior, a receita sendo maior pelo próprio
desejável crescimento econômico, a dívida pública poderá ser reduzida, o que é
uma nova direção. Há muitas questões a serem discutidas e a face da PEC será
outra, embora a ideia básica mantida é de reduzir o tamanho do Estado.
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