16/06/2016 - CRÉDITO REDUZIDO AO SETOR PRIVADO




Quantos espantam as informações que estavam represadas? Agora o Tribunal de Contas da União (TCU) está se referindo a um fabuloso déficit de mais de R$260 bilhões, nas contas nacionais de 2015, apontando 23 irregularidades. Pediu a defesa do governo da presidente Dilma que a fizesse. Não bastaram que, em 2014 acontecesse o primeiro déficit primário, de R$35 bilhões, depois de 18 anos. No ano passado, o TCU mandou ao governo cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, visto rombos das contas, que foi cumprido em parte, em 2015, no valor de R$112 bilhões. Para este ano, está sendo esperado déficit primário de R$170,5 bilhões. Tais dados mostram uma grande deterioração das contas nacionais, o que se tem repetido aqui.

Há mais. Um olhar sobre fluxos anuais de crédito diz muito sobre o mundo econômico brasileiro. Em São Paulo, Capital, está baseado o Centro de Estudos de Mercado de Capitais (CEMEC), entidade paulista bastante acreditada,  de larga experiência na área acadêmica e empresarial, cujas estatísticas geralmente divulgadas se espelhou Antônio Delfim Netto, para escrever sua coluna semanal na Folha, como o faz em 33 anos, que levou o titulo ontem de “Inacreditável”. Conforme o nome indica, no mercado de capitais transitam entidades não financeiras. Em outras palavras, empresas que produzem bens e serviços não ligadas diretamente às finanças, que precisam de crédito para produzir. Delfim, com base na Nota CEMEC 02/2016, verificou que o saldo consolidado do exigível financeiro de entidades não financeiras no Brasil, em 31-12-2014, era de R$6,81 trilhões, correspondendo ao setor privado 52,5% e ao setor público 47,5%. Já, em 31-12-2015, o saldo havia crescido para R$7,74 trilhões, relativos ao setor privado 49,9% e ao setor público 50,1%.

A análise que Delfim extraiu está, em síntese, a seguir: “A diferença parece pouco (dos números acima), mas é, de fato, uma tragédia. No fluxo, que é o que interessa, o crédito privado cresceu apenas 6,5% ao ano, o que significa uma contração dada à taxa de inflação anual de 10,7%, enquanto o crédito enroscado e imobilizado do setor público cresceu 18,5%. Escondido pelo crescimento ‘médio’ de 12,2%, o governo se apropriou de 72% do aumento do crédito! Com o setor privado no forno e o público na geladeira, destruiu-se 6% do PIB”.

O exame de Delfim mostra a voracidade com que a máquina pública se apropria do crédito brasileiro. Agora, não dá para entender porque ele chegou à conclusão de destruição de 6% do PIB, quando o PIB de 2015 recuou 3,8%, conforme o IBGE. A não ser que ele queria se referir à arrecadação, que caiu mais do o PIB. Entretanto, fica bem claro que a esfera governamental de um ano para outro obteve 72% do aumento do crédito. Fica também claro que o governo federal, por ter o controle do dinheiro, pode chamar a si o dinheiro de volta e deixar em deficiência o setor privado de crédito. Ademais, com crédito abaixo da produção, o sinal indicativo é de recessão. 

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