14/06/2016 - DESPERDÍCIOS SEM FRONTEIRA
A característica mais visível de um país não desenvolvido é
justamente o conjunto de desperdícios sem fronteira. Depois de 18 anos, o
Brasil, em 2014, incorreu em déficit primário de R$35 bilhões. Repetiu-o, em
2016, de mais de R$112 bilhões. Poderá repeti-lo em 2016, tendo meta de déficit
aprovado de R$170,5 bilhões. Não há registro de três déficits consecutivos e
tão crescentes como no atual triênio. Isto está acontecendo nos governos
eleitos da presidente Dilma. Por sinal, ela que foi chamada por Lula de “a mãe
do PAC”, Programa de Aceleração do Crescimento, que desacelerou em três anos,
sendo recuo que poderá corresponder a uma década, ao seu início. No final do
ano completa dez anos o PAC. Lá se colocou cerca de 12 mil obras públicas, onde
há a demonstração de pelo menos dois enormes prejuízos, que vieram para as
contas públicas. Lançada em 2006, a Ferrovia Transnordestina, para ligar os
portos de Pecém, no Ceará, e Suape, em Pernambuco, deveria ser entregue em 2010.
Gastou-se até agora R$35 bilhões. Dos 1.700 quilômetros há somente implantados
600, que estão desaparecendo pelas pilhagens. O outro é a Transposição de Águas
do Rio São Francisco, lançada pelo PAC, prometida também para 2010, gastos de
R$20 bilhões e nada de transposição. Aliás, o Rio São Francisco nem águas têm
para manter-se atualmente. Além do mais, colocou-se R$500 bilhões no BNDES,
através de endividamento público, para reforçar o crescimento e o que se viu
foi o País ingressar em recessão. No BNDES há obras sigilosas financiadas no
exterior, que a atual gestão prometeu abrir ao público. Crê-se que os
escândalos são maiores do que os identificados pela operação Lava-Jato, rombo
que poderá chegar a R$100 bilhões. Fizeram-se desonerações de tributos de mais
de R$100 bilhões, beneficiando empresas automobilísticas, da linha branca e da
construção civil, e o País está em recessão.
Referencia-se ainda aqui um dos editoriais da Folha de hoje,
apontando o Programa Ciências sem Fronteira, executado pelo MEC. Apenas 3,8%
dos brasileiros com bolsas de estudo no exterior frequentaram universidades de
primeira grandeza. Ou seja, 4.084 estudantes do Programa, dentre 108.865
bolsistas estudaram em universidades mais destacadas pelo Times Higher
Education, tais como Harvard (EUA), Massachussets Institute of Tecnologies
(EUA), Cambridge (RU), London School of Economics (RU), Universidade de Toronto
(CAN), dentre outras. Mais brasileiros estudaram em Portugal do que entre as
referidas de primeira grandeza. Talvez por não dominarem o idioma estrangeiro.
Ademais, a maioria dos alunos estudou no exterior em cursos de graduação, sem
maiores perspectivas de absorverem as mais evoluídas técnicas para o País. O
orçamento de 2015 foi de R$2,5 bilhões, muito dinheiro para pouca absorção.
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