04/06/2016 - CONTORCIONISTA TEMER
A
pauta-bomba de reajuste de salários e de criação de cargos federais tinha sido
enviada ao Congresso no ano passado pela presidente Dilma. A Câmara, nada de
votar, devido à briga da presidente Dilma com o presidente da Câmara, Eduardo
Cunha. O projeto ainda precisa de aprovação do Senado. Anteontem a Câmara
aprovou a citada pauta bomba, que envolve gastos de R$58 bilhões, até 2019.
Michel Temer aplaudiu, dizendo que aquela Casa está destravando a
governabilidade. No entanto, ele aplaudiu mesmo foi a aprovação de projeto
sobre a Desvinculação das Receitas Orçamentárias (DRU), que vem sendo reeditada,
desde a criação do Fundo de Estabilidade Fiscal, como primeira etapa do Plano
Real, em 1993. Desde então todos os presidentes passaram a contar com ela. Sem
a DRU fica difícil a União distribuir melhor os recursos arrecadados para
Estados, Municípios e realizar seus próprios gastos. A DRU será elevada de 20%,
conforme veio de FHC, continuou com Lula e Dilma, mas agora, o aumento é para
30%, até o ano de 2023. Isto representa maior poder da União, mediante mais
liberdade do governo em distribuir recursos. A DRU é retroativa a janeiro deste
exercício. Portanto, Temer exerceu seu contorcionismo, não obstante haja muitas
críticas em aprovar aumento de gastos com servidores, no momento em que se
questiona que o Estado passa por uma situação de penúria, quando se deveria ser
distribuídos sacrifícios e não elevado vantagens. O projeto de reajustes também
contempla a criação de mais de 14.419 cargos de confiança no governo federal.
Ora, em princípio, isto vai de encontro à meta de corte de 4 mil cargos
comissionados, por volta de quatro vezes, que já começou no dia 16 de maio.
Ademais, os novos funcionários deverão passar por concursos públicos. Ou seja,
a saída é rápida e a entrada é lenta. Tem sido demitido mais de 100 por dia e
para entrar, vai demorar além de ser necessária a aprovação também do Senado.
Um dia depois de críticas, o Ministério do Planejamento emitiu uma nota,
dizendo que todos os cargos criados “serão mantidos vagos”.
O contorcionismo de Temer
está no fato de reconhecer que os salários defasados deveriam ser corrigidos,
havendo casos de seis anos de defasagens. Os novos cargos se explicam pelas
mudanças na máquina pública. Porém, como a conta não fecha, sem alarde, o que
se imagina que Temer fará de acordo com prática adotada pelos governos
anteriores. Estar bem com o funcionalismo, para evitar greves, além de que
poderão ocorrer veladamente demissões e os concursos e posses de concursados
serem postergados. Ou seja, por outras vias ele pode reduzir parte do
funcionalismo, mesmo aumentando com novos cargos. A questão é do saldo que se
terá. Por oportuno, no novo governo estão sendo ensaiados projetos de reforma
da Previdência, da Consolidação das Leis de Trabalho. Já para a Previdência, de
idade limite de 65 anos, tanto para homem como para mulher, está em negociação
com as Centrais Sindicais. Quanto ao fim do Fundo Soberano, em estudo de se há
restrição jurídica, bem como do aporte de R$100 bilhões do BNDES, como
pagamento ao Tesouro, parecendo que acontecerão. Portanto, este é o governo
interino que vai se contorcendo para ir se equilibrando, sonhando em retomar o
crescimento econômico. Porém, carecendo de propostas de reformas adicionais que
melhorem o ambiente dos negócios, a gestão fiscal e tributária. Na curva do PIB,
pode-se ver uma tentativa de subida, lenta, visto que o sinal de “menos mal” do
PIB do primeiro trimestre e a confiança ainda pequena dos consumidores e
investidores estão se colocando. Há muito a fazer para a retomada do
crescimento.
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