23/07/2014 - REAL SOBREVALORIZADO




Cerca de 80% da moeda mundial é o dólar americano, seguem-lhe o euro, aproximadamente 10%, o yen (moeda japonesa), a libra esterlina (moeda do Reino Unido), dentre outras, alcançando tal conjunto 10%. Em face do exposto, a principal cotação da moeda brasileira é em relação ao dólar. Antes do Plano Real, de 01-07-1994, praticou-se historicamente muito mais a moeda nacional desvalorizada, tendo em vista estimular as exportações. O Plano Real igualou um real a um dólar, em seu lançamento. Porém, o real já nasceu valorizado, em razão da Unidade Real de Valor (URV), unidade de conta que durou três meses anteriores, para a transição do Cruzeiro Real, simplesmente para a moeda nova, o Real. O câmbio então daquela época chegou até o dólar custar R$0,83, nos primeiros dias do Plano Real. A valorização monetária tornou-se assim, a tônica da política cambial do primeiro mandato de FHC (1995-1998). Porém, continuados ataques especulativos à moeda brasileira, de 1994 até 1999, obrigaram a que FHC, no seu segundo mandato desvalorizasse o real. O chamado efeito Lula, em 2002, caso ele ganhasse as eleições, levou a cotações muito desvalorizadas, até R$4,00 um dólar. No entanto, após a posse de Lula, o real recuou até R$1,51, colocando novamente o real muito mais valorizado, isto é, sobrevalorizado (acima de 10%, por exemplo). Portanto, se for traçada uma curva do câmbio de 1994, passando pela era FHC e pela era Lula, até este último ano do governo da presidente Dilma, o real estará em uma curva de valorização, apreciado, sobrevalorizado, como o nome que se queira chamar.

Por que o real tem se mantido assim? O tripé em que se baseou o Plano Real está até hoje em voga. Trata-se do combate à inflação, do câmbio flutuante e do superávit fiscal. O superávit fiscal é para honrar o pagamento de pelo menos parte dos juros da dívida pública. O câmbio flutuante é com intervenção do Banco Central, mediante formação de grandes reservas de dólares, hoje maior do que US$370 bilhões, justamente para evitar ataque especulativo à moeda brasileira. O combate à inflação tem sido tenaz, para o qual as valorizações cambiais em muito contribui, visto que cerca de 30% da inflação oficial é inflação importada.

Cálculos do Banco Goldman Sachs, apresentados ontem pelo jornal Valor Econômico, indicam que a taxa atual de câmbio de R$2,22 está 33,6% sobrevalorizada. A explicação dada é de que o comportamento do Banco Central vai neste sentido para evitar uma aceleração da inflação brasileira. Referido banco Goldman continua pessimista com o real no médio prazo, devido a que os fundamentos econômicos brasileiros continuam fracos, a credibilidade da política econômica tem sido debilitada, obrigando o real a ficar sobrevalorizado. Porém, esta situação não pode perdurar por muito tempo sem ajustes. Assim, o citado banco Goldman prevê um câmbio de R$2,30 nos próximos três meses, mas se depreciando entre R$2,40 a R$2,55 nos próximos seis a doze meses, quando haverá novo mandato de governo.

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