02/07/2014 - PLANO REAL SUCESSO
O Plano Real confirmou ontem
vinte anos de sucesso econômico, pondo fim trinta anos de economia indexada
pela ditadura militar de 1964-1984. A indexação se tratou da correção monetária
generalizada dos contratos, através de diferentes índices de preços, conforme o
contrato. A correção monetária era diária, embutindo nela a inflação do
passado, desde o mais recente ao mais longínquo. Acreditava-se, então, na
inflação inercial. A nova moeda brasileira, o REAL, trouxe consigo o fim da correção
monetária generalizada, admitindo somente inflação de perspectiva. Os militares controlaram a inflação até os
choques do petróleo de 1973 e 1979, o controle permitia manipulação, a qual se
tornou impossível devido aos referidos violentos choques de preços,
transmitidos ao sistema econômico. Depois de 1979 a inflação veio a superar a
taxa de 91%, anualizada, sendo o principal motivo econômico para o golpe
militar de 1964. A inflação passou de 100%, 200%, 1.000%, chegando até a mais
de 2.500%. Na última década que antecedeu ao Plano Real o País convivia com a
hiperinflação. O pior dos mundos econômicos: instabilidade geral, descrédito
internacional e infelicidade.
Durante o ano de 1994 existiu
duas realidades opostas. Enquanto no primeiro semestre a inflação chegou a
757%, em média mensal de 43%, no segundo semestre a inflação desabou para 18,6%,
em média mensal de 2,9%. A inflação continuou caindo até atingir a marca anual
de um dígito, a qual permanece por mais de uma década.
É bem verdade que a inflação
desde 2011 se situa acima do centro da meta (4%), comportando-se até o limite
do viés de alta (2%). Porém, há dois anos ameaça passar destes 6,5%. O governo
federal tem envidado esforços para que ela não saia. Os mais pessimistas até
falam que ela ultrapassará os 7% anuais. Parece que não há ninguém que diga que
chegará a 8% ao ano. Portanto, no horizonte de longo prazo, é inadmissível
supor que ultrapasse a casa de dois dígitos, o que permite confirmar o sucesso
do Plano Real já há vinte anos.
O ex-presidente FHC postou no
Facebook áudio em que comemorou a data de lançamento da moeda nacional, o real.
Nele, alfineta, o seu sucessor: “Houve os descrentes. O presidente Lula dizia
que o real não era um sonho, era um pesadelo; se enganou”. Na verdade, nem FHC
tinha convicção do sucesso do Plano Real, devido ao fracasso dos Planos
Cruzado, Cruzado II, Bresser, Verão, Collor I, Collor II, dos quais FHC ora foi
crítico ora concordou. O êxito mesmo se deveu à população cansada de tantas
experiências, que o abraçou, bem como ao modelo econômico definido pelos
economistas André Lara Resende, Pérsio Arida e Edmar Bacha, que vieram
ressabiados desde o Plano Cruzado.
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