01/07/2014 - CADEIAS DE VALOR




O Brasil faz parte das cadeias globais de produção. Porém, para enriquecer, o País necessita de participar mais das etapas que geram valor. Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil é um dos países com menor inserção nas cadeias globais de valor. Um dos indicadores da baixa inserção, apontado pela OCDE, é a pequena participação de bens importados nas exportações brasileiras. Isto é, importar componentes, montar e vender o produto final com maior valor agregado para a Nação. O campeão nisso é a Coréia do Sul com quase 50% de importações de componentes. Seguem-lhe, em números aproximados, Alemanha, 30%; Chile, 25%; Índia, 22%; México, 21%; China, 21%; Estados Unidos, 11%; Brasil, 9%. Outro indicador da OCDE é que a maior parte das exportações brasileiras é de insumos básicos, ou seja, do começo da cadeia de valor. O Brasil exporta 60% de recursos naturais e recursos minerais, enquanto a China exporta somente 10%; Cingapura, 20%; Índia, 35%. Os dados acima constam da edição especial anual da revista Exame, denominada de “Melhores e Maiores”: As 1.000 maiores empresas do Brasil. A publicação conta com 720 páginas, reunindo, dentre outros, estudos do Banco Mundial, do IEDI e da consultoria internacional PWC, revelando, quanto à competitividade, que o Brasil tem vários gargalos. Quatro argumentos estão postos a seguir: (1º) a mão de obra barata. Não tem mais. O salário médio mensal em dólares dos Estados Unidos é de 3.482; Coréia do Sul, 2.361; Brasil, 948; Malásia, 677; China, 523; México, 467 (menos da metade do brasileiro). (2º) os portos brasileiros não são eficientes, nem tem custos baixos. A movimentação de carga aqui é demorada, visto que são necessários 17 dias para liberação de contêiner de importação e de 13 dias para contêiner de exportação; no México, para ambos os fluxos é de 11 dias; na Alemanha, 9 dias para exportar e 7 dias para importar. Já quanto à operação é bem mais cara, em dólares, do que em outros países, já que no País é de 2.215 na exportação e 2.275 na importação de cada contêiner; no México, 1.450/1.740; na Alemanha, 905/940; no Vietnã, 610/600; na Malásia, 450/485; respectivamente, na exportação e na importação. (3º) o pagamento de imposto não é simples e a carga tributária é alta nos negócios mundiais. Assim, o atendimento ao fisco toma tempo excessivo das empresas, sendo no Brasil de 2.600 horas; no México, 334; no Chile, 291; na Rússia, 177; nos Estados Unidos, 175; na Suíça, 63 horas; bem como a maior parte do resultado obtido nas transações é absorvida por tributos, sendo no Brasil, 68%; no México, 54%; na Rússia, 50%; nos Estados Unidos, 46%; na Suíça, 29%; no Chile, 28%. (4º) o isolamento do País do resto do mundo é dado pela pequena integração aos mercados e da pequena participação do comércio exterior em relação ao PIB. Dessa maneira, a União Europeia possui 34 acordos de livre comércio; o México, 16; a Índia, 15; os Estados Unidos, 14; a China, 10; o Brasil, somente 2 acordos. Por seu turno, a participação do comércio exterior no PIB da Alemanha é de 76%; no México, 64%; na China, 47%; nos Estados Unidos, 25%; no PIB do Brasil, 21%.

No geral, o Brasil é um país de grande território, o quinto; grande em população, a quinta; grande em PIB, o sétimo; mas, é pequeno nas transações internacionais totais somente correspondendo a 1% das transações negociadas no globo.

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