04/07/2014 - CRESCIMENTO EM DEBATE




O ex-presidente Lula deu uma entrevista ontem a nove correspondentes estrangeiros. Defendeu o governo da presidente Dilma e lançou o repto “quem cresceu mais do que o Brasil?” Referindo-se ao baixo crescimento brasileiro dos últimos anos. Dentro do bloco dos BRICs, Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, grandes emergentes, a China cresceu por volta de 7% no ano passado. Na América Latina o Peru está dando um show de bola. Cresce a 7% anuais, em média, desde 2003. O personagem Lula não lê mesmo. Já declarou isto. Fala o que vem na cabeça. O ano de 2003 referido coincide com o início do seu período de dois mandatos (2003-2010). A taxa média dos oito anos dele foi de 4%. Já o período da presidente Dilma tem crescimento do PIB de 2% em média anual. A metade do que alcançou Lula. O modelo econômico de crescimento adotado por FHC, Lula e Dilma é o mesmo. Isto é, o mesmo tripé baseado no sistema de metas da inflação, câmbio flutuante e superávit fiscal. FHC enfrentou várias crises externas e um ataque especulativo, nos seus oito anos, obtendo crescimento do PIB de 2,3%. Lula alcançou os referidos 4%. Dilma, os citados 2%. Por que a economia brasileira não tem crescimento virtuoso, acima de 4%, de forma sustentada como o exemplo do Peru? Por semelhança com o Brasil, no final do século passado, ambos enfrentaram longo período de desorganização e de descrédito internacional. O que ocorreu no Peru foram as reformas econômicas, seja a monetária, tributária, industrial, dentre outras. Aqui, desde 1994, somente se fez a reforma monetária e um remendo da reforma previdenciária.

O bom desempenho da economia na era Lula se deveu a um período de grande crescimento mundial, quando China crescia 10% ao ano e o Brasil crescia à taxa média da metade da média dos países dos BRICs. Ademais, Lula expandiu a utilização de capacidade ociosa, expandiu o crédito em geral, ganhos reais de salários, o consumo e os programas sociais. A possibilidade de Dilma conseguir o que Lula conseguiu se esgotou e ela não fez as reformas econômicas prometidas em campanha.

Na verdade, Lula gosta de gastar. Dilma também. Turbinaram os gastos públicos, pouco restando para investimentos deteriorando as contas nacionais. Lula, inclusive, em recente reunião com empresários em Porto Alegre criticou publicamente o Secretário do Tesouro Nacional, dizendo que o governo deveria liberar mais crédito e gastar mais. Os empresários não gostaram das afirmações dele. Pensam justamente o contrário, de que o governo federal deveria ter austeridade em seus gastos, fazer a prometida infraestrutura, ampliar as parcerias público-privada e realizar a reforma tributária.

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