06/07/2014 - TRANSAÇÕES CORRENTES EM DÉFICIT




O Balanço de Transações Correntes envolve a soma do saldo da Balança Comercial, que é a diferença entre exportações e importações, mais o saldo da Balança de Serviços Internacionais. Nesta estão contas que o Brasil sempre esteve deficitário, tais como turismo, seguros, fretes, cinema, pagamento de juros, dentre outros itens. Na primeira década deste século houve uma forte elevação das matérias primas exportadas pelo País, ocasionando robustos superávits comerciais. Assim, a balança comercial foi positiva por cerca de dez anos, ajudando a fechar a balança de serviços, historicamente de saldo negativo. Na atual segunda década, os preços das matérias primas têm recuado, assim como o saldo comercial. A fragilidade no comércio exterior começou a ser sentida com mais força no ano passado, quando o superávit comercial fora de US$2,6 bilhões, graças às exportações de sete plataformas de petróleo, no valor de US$7,7 bilhões, plataformas estas que demoraram vários anos para serem feitas, nem são vendidas todos os anos.  Se não fossem elas, a balança comercial seria deficitária em 2013. Em 2012 houve superávit de US$19,4 bilhões, bem como em anos anteriores de até superávits robustos acima de US$30 bilhões. No primeiro semestre de 2014 a balança comercial fechou com déficit de US$2,5 bilhões. Portanto, a projeção é de que se chegue ao final do ano ou com pequeno déficit ou superávit, algo próximo de zero. No primeiro semestre houve queda nas exportações para a África, América Latina, havendo retração de 20% nas vendas para a Argentina, Oriente Médio e União Europeia. Já as exportações cresceram para os Estados Unidos, Europa Oriental e Ásia. Do lado das importações se vê fraqueza devido ao baixo crescimento do PIB, projetado por volta de 1% neste exercício. A última vez que houve déficit na balança comercial foi no ano de 2.000, no valor de US$732 milhões. Por seu turno, a balança de serviços tem apresentado déficit crescente. No geral, calcula o governo que precisará em 2014 de US$80 bilhões de capital externo, já acenando com ingressos cerca de US$60 bilhões. Os outros US$20 bilhões poderão sair das reservas internacionais, em torno hoje de US$380 bilhões. Mesmo com a economia fraca, o agronegócio responde por 42% das exportações brasileiras. Já os produtos manufaturados vêm apresentando queda nos últimos anos em exportações. Sem dúvida que a perda de dinamismo da indústria exportadora se deve ao chamado custo Brasil, relativo às deficiências da logística com transportes. Dessa maneira, o preço de um produto fabricado no Brasil custa, em média, 30% a mais, do que o do concorrente. Em suma, a participação industrial no PIB de hoje é igual à de 1956, marco do crescimento da indústria pesada brasileira. O seu melhor ano foi em 1985, atingindo o produto industrial 28% do PIB brasileiro. 

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