19/07/2014 - ESTAGNAÇÃO PELAS CONTRADIÇÕES
Cada vez fica mais complicado o
“quadro econômico” brasileiro. Tableau Economique é o nome do livro do
fisiocrata Francois Quesnay, do século XVIII, anterior a Adam Smith, que
pontificou acerca da necessidade da existência segura da contabilidade nacional
para a economia ir bem. Coube a Wassily Leontieff desenvolver as matrizes
insumo-produto, inspirada no referido francês. Portanto, no século XX, a
política econômica passou a ser exercida também para o longo prazo, mediante
planejamento estratégico. A equipe
econômica da presidente Dilma não o fez. Preferiu o mundo das contradições que
trouxeram a economia à atual estagnação. Pior, mais inflação. Portanto, a
combinação se chama de estagflação. Isto é, o crescimento convergindo a zero e
a inflação acima do teto de 6,5%, já tendo registrado em junho 6,52%
anualizado. Para julho se espera um pouco maior. O atestado disso está sendo
dado pela contabilidade do IBGE e do Banco Central, mediante divulgação de suas
estatísticas mensais. Por exemplo, no dia de ontem o BC divulgou seu indicador,
IBC-Br de - 0,18 em maio, o quinto recuo em doze meses apurados. No acumulado
de 12 meses o índice apresenta crescimento de 0,38% (de junho a maio de 2014). Por
outro lado, o resultado da criação de emprego em junho foi de 25.363, o menor
resultado para o mês nos últimos 16 anos, segundo dados do CAGED.
Em resumo, uma série de equívocos
já foram cometidos. Desde o início, os gastos públicos se elevam acima do
incremento do PIB. Nos últimos anos a arrecadação, em termos reais, tem se
quedado. Como solução o governo tem reduzido o superávit primário, ao tempo em
que tem manipulado os dados fiscais. Desde o início tem adotado subsídios para
segmentos empresariais privilegiados. Privilégios principalmente para a
possante indústria automobilística. Conforme citou Miriam Leitão em sua coluna
do dia 17 deste, desde 2009 a renúncia fiscal para o referido segmento foi de
R$16,1 bilhões. Mesmo na recessão, eles não “cansam” de mandar lucros ao exterior.
No período referido foram US$18 bilhões. Pronunciou-se o presidente do IEDI,
Pedro Passos, de que “não se recomendam maiores desonerações fiscais, por mais
justas e necessárias que elas sejam”, na Folha de São Paulo, dia 17 passado. A
voz dos empresários quer dizer mesmo é a urgente reforma tributária e não
incentivos a privilegiados. A política monetária, sem BC independente, continua
de juros altos e mesmo assim a inflação está em alta. A política cambial é de
elevada apreciação do real, em detrimento das exportações nacionais. A política
fiscal é equivocada, conforme dito acima.
A voz das ruas não se faz sentir
tecnicamente. Porém, é de uma clareza sem par. Emprego, renda, saúde,
saneamento, tributos na equivalência de bons serviços, oportunidades,
representação política, trabalhando e não recebendo vencimentos sem trabalhar,
como acontece agora em julho, custando o Congresso Nacional parado cerca de R$1
milhão por hora, estabilidade de preços, segurança e combate sem tréguas à
corrupção. Esta aí o cardápio para os candidatos, em diversos níveis. Não se
apresentaram ainda em tais aspectos. Se fugir, grande é a probabilidade de não
ganhar a eleição.
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